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Edguy – “Age Of The Joker”


Não são poucas as pessoas que consideram Tobias Sammet uma das grandes mentes criativas pós-anos 90, tanto pela discografia do Edguy quanto pela empreitada megalomaníaca da Metal Opera “Avantasia”. Aliás, o sujeito consegue lançar álbum atrás de álbum, e nos últimos anos ainda mais intensificado com os lançamentos de “Angel Of Babylon” e “The Wicked Symphony”, sem parar as atividades da sua banda principal.

E pra mostrar que o cérebro do sujeito continua a pleno vapor, o Edguy volta com mais um álbum de estúdio, cerca de 3 anos depois do último lançamento “Tinnitus Sanctus”. “Age Of The Joker” é o nono álbum da carreira dos alemães metidos a sacanas e foi produzido pelo já brother da banda Sascha Paeth (O produtor de Power Metal, convenhamos), lançado via Nuclear Blast no dia 26 do mês passado e mantendo a já característica arte da banda, com uma espécie de “emblema” na capa.

A música que virou o primeiro vídeo (bem Zorra Total) do álbum, “Robin Hood” abre o disco, remetendo um pouco ao clima épico dos primeiros discos da banda e do Avantasia. Nada mal uma música de 8 minutos abrir o disco (vide “Sacrifice”, do “Rocket Ride”), mas o pé no freio que a música tem não empolga, tanto que boa parte da música podia ter sido editada (o interlúdio com uma narração e sons de cavalo na sua metade, por exemplo). Mas enfim, com “Nobody’s Hero” é que o disco vai crescendo, na já famosa mistura de Hard Rock e Power Metal que o Edguy vem fazendo desde “Hellfire Club”, enquanto “Rock Of Cashel” tenta resgatar de novo um lance mais épico, mas desta vez funcionando muito bem (ao contrário da faixa de abertura), com boas passagens quase Folk Metal e apostando em uma sonoridade bem a lá Blind Guardian. “Pandora’s Box” começa meio… BLUES (??), remetendo diretamente ao que o Aerosmith faz, e talvez realmente seja uma homenagem ao grupo de Steven Tyler e Cia, já que eles também tem uma música com esse nome. Em todo caso, a do Edguy é um Hard Bluesy dos mais empolgantes, uma grata surpresa no disco. E indo totalmente na contramão do vintage, vem “Breathe”, com o seu começo de efeitinhos eletrônicos bizarros em uma música que acaba remetendo diretamente aos três últimos álbuns do Avantasia. A impressão é que isso aconteceria também com “Two Out Of Seven”, mas ela se revela uma faixa bem mais puxada para o Hard, e que poderia muito bem ter estado no álbum anterior do Edguy, “Tinnitus Sanctus”.

“Faces In The Darkness” é outra grata surpresa no disco, apostando em diversas mudanças de andamento, a proposta de Sammet nessa música é algo único, jamais ouvido em nenhum outro momento na discografia deles (que eu me lembre), tanto pela letra quanto pela sonoridade. “The Arcane Guild”, por outro lado, como não podia ser, é um Power Metal bem com a cara do Edguy, lembrando novamente os primeiros álbuns (pedal duplo, refrão em coro, etc), mostrando como eles ainda se sentem confortáveis no estilo que os levou ao mundo, enquanto “Fire On The Downline” aposta novamente no clima épico, mas de forma diferente do que já feito nas outras faixas, até mesmo pelo clima um pouco mais sério da letra e do clima totalmente oitentista. E falando em épico, “Behind The Gates To Midnight World” é a segunda faixa do álbum com mais de 8 minutos, mas que funciona muito bem apostando em um clima mais soturno, que quase chega a ser belo. Seria uma ótima forma de encerrar o álbum se não tivéssemos que agüentar a baladinha enfadonha/morde-fronha/mela-cuecas “Every Night Without You”, bem chupada de Bon Jovi, e que soa basicamente dispensável, já que o disco em si não é pesadíssimo a ponto de precisar de uma balada no meio, e tampouco no fim.

Ok, algumas considerações: Mr Sammet disse que vai levar muito tempo até o Avantasia lançar alguma coisa, SE lançar, então, talvez seja natural que algumas influências mais épicas sejam utilizadas no trabalho do Edguy daqui pra frente. Por outro lado, acho que deveria separar um pouco as coisas aí. A mistura de Power Metal com Hard Rock que eles vinham apostando desde “Hellfire Club” era algo muito interessante e que conseguiu dar uma atualizada e diferenciada no som quando o estilo tava chegando ao ápice da saturação, na metade dos anos 2000. E aparentemente, isso está sendo deixado um pouco de lado para favorecer essas maluquices épicas que Sammet deve ter composto e não utilizou, fazendo com que o novo disco figure apenas como “bom” na discografia deles.

Talvez “Age Of The Joker” seja um disco de passagem ou transformação. Talvez não. Veremos.

01. Robin Hood
02. Nobody’s Hero
03. Rock Of Cashel
04. Pandora’s Box
05. Breathe
06. Two Out Of Seven
07. Faces In The Darkness
08. The Arcane Guild
09. Fire On The Downline
10. Behind The Gates To Midnight World
11. Every Night Without You

Nota 7

Age Of The Joker Edguy

Tracklist

Lineup

Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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