Yagull – “Films”
Continuando com os reviews dos discos da Moonjune Records, vou falar hoje de um super grupo instrumental de post-rock americano liderado pelo guitarrista Sasha Markovic. Se trata do disco Films do grupo entitulado Yagull. Nesse projeto, Markovic contou com a participação de um trio clássico composto por Lori Reddy (flauta), Eylon Tushiner (sax) e Sonia Choi (cello), que aliás é uma das participações mais belas que já ouvi em discos instrumentais.
Embora o som do Yagull possa ser classificado como Post-Rock, muito das músicas se encaixariam perfeitamente em um trilha sonora de cinema dando um pouco de textura e carregando no sentimento das cenas, e é justamente isso que se consegue pensar quando escuta as músicas olhando para o encarte do disco, um filme sendo contado do começo ao fim com muitas partes épicas e outras nem tanto. Vamos às músicas:
Dark – O álbum abre com uma melodia bem profunda logo no começo feito pelo cello muito bem tocado, com a intenção de começar já de forma tensa a música, mas contrasta com uma crescente otimista da flauta e do sax que fazem o balanceamento do clima. Baixo e violão dão cor a musica. Embora não tenha bateria, dá para imaginar varias formas de encaixar o instrumento ditando o ritmo do conjunto.
Los Pajaros – Começo bem leve, doce/suave, com a flauta tomando o cenário central, ditando a melodia cadenciada pelo violão com acordes felizes. Os acordes do violão lembram muito ainda uma batida flamenca enquanto a flauta carrega muito da sonoridade clássica, o que causa uma estranheza pela experimentação, mas vale muito a pena já que a flauta não vai muito para o agudo passando um pouco de corpo a musica.
East – Começa bem diferente da anterior, com um sax tenor que solta seus acordes encorpados e espaçados deixando a gente sentir um grande vazio na canção, enquanto a base do violão preenche com uma base igualmente pesada, fazendo um clima totalmente triste e ao mesmo tempo tenso. É a primeira vez que o sax toma o cenário principal e é em incrível ouvir o clima que ele da na composição.
T fell – A tipica musica instrumental onde um vocal seria bem vindo. Com uma melodia bem simples, basicamente só violão e guitarra é um belo interlúdio no disco para o próxima.
Summerdreamer – Continuando na pegada da música anterior, mas agora com muito mais corpo assumindo aquele vazio que o vocal deveria preencher (se tivesse algum). Por enquanto são as duas músicas mais fracas do disco, que claramente enriqueceriam se tivesse mais alguns elementos dando um pouco de direção para a música.
Pulse – A flauta enche o espaço em um dueto com o violão e um jogo de flautas com diferentes tons que se completam e formam um belo jogo sinfônico.
Sound Of M – Aqui o álbum da uma nova crescida, com o conjunto todo, exceto o sax, fazem uma música carregada de sentimento misturando vários elementos na mixagem que fazem qualquer músico sair correndo buscar seu instrumento para aprender a tocar.
River – Saindo do âmbito feliz novamente, caímos nessa música carregada com um pouco de eco nas cordas para transparecer ainda mais o clima tenso da música. Um ótimo clima de suspense no ar se forma, enquanto o violão narra uma história que com certeza não tem um final feliz, pelo menos por enquanto, acompanhado de um piano que com notas secas parece confirmar a história toda.
White Room – Para mostrar toda a capacidade da música instrumental nesse novo tipo de post-rock (ou seria post-prog?!) o super grupo inclui o cover de uma das músicas mais clássicas do Cream. Representado perfeitamente pela flauta que comanda e a habilidade incrível do violão, o grupo faz uma versão que vale muito a pena ser ouvida.
Sabbath Bloody Sabbath – Pois é, quem diria o que ainda estaria por vir. Seguindo a linha de covers improváveis que a banda escolheu e talvez como uma forma de homenagem pela volta do Black Sabbath. Embora eu preferiria o violão fazendo a melodia do vocal, a guitarra ficou bem interessante, mas nessa música a falta de uma percussão realmente foi sentida e dificil de ser mascarada, mesmo com toda a habilidade do arranjo.
April – Mais uma música suave, que tem um pouco de sintetizador fazendo a camada de fundo para o violão solar em cima, uma melodia um tanto apática em comparação com o resto do disco. Imaginar o que um baixo poderia fazer para enriquecer a composição não é um pensamento assim tão difícil.
Yagull – A musica auto intitulada é uma baladinha com violão, tipica para cenas de finais de filme mesmo, com um jogo de violões cheios de sentimentos espalhados pelos dedilhados e pelas variações de volume que foi feita. Muito bonita a canção mesmo.
Mosquita – Mais uma música baseado totalmente no violão, mas com um arranjo bem mais rock, com acordes mais afiados e um ritmo um pouco mais acelerado misturando em alguns momentos muito de algumas músicas folclóricas da America Central, principalmente com a flauta no fundo contrabalanceando o violão.
Distance – Encerrando o disco, com muitos elementos acusticos de rock clássico e (finalmente!) com uma bateria ditando o ritmo, a dinamica cello/violao funcionou perfeitamente bem, numa música épica repleta de corpo
Dark (reprise) – Para terminar uma edição mais curta da música de abertura.
Films Yagull
Tracklist
01. Dark02. Los Pajaros
03. East
04. T Feel
05. Summerdreamer
06. Pulse
07. Sound of M
08. River
09. White Room
10. Sabbath Bloody Sabbath
11. April
12. Yagull
13. Mosquita
14. Distance
15. Dark (reprise)
Lineup
Sasha Markovic - Violão / GuitarraLori Reedy - Flauta
Eylon Tushiner - Sax
Sonia Choi - Violoncelo
Josh Margolis - Bateria
Palpiteiro de mídias sociais, Designer de interfaces, Podcaster e Microblogger. Apreciador de boa música, mas roqueiro acima de tudo.