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Votum – “Harvest Moon”


A quantidade de bandas de progressivo oriundas da Polônia tem crescido razoavelmente nos últimos anos (ou talvez só agora elas tenham sido descobertas pra valer), e o Votum é uma delas. Praticante do estilo denominado Prógski – basicamente, de forma superficial, é o rock progressivo mais melancólico atmosférico, leia-se, escola Riverside -, o sexteto sempre investiu pesadamente na parte visual, e está lançando em 2013 o seu terceiro álbum, Harvest Moon, pela Mystic Production.

Votum

O sentimento melancólico, que é o elemento principal na sonoridade do Votum, aparece em abundância já na faixa de abertura Vicious Circle, que ao longo dos seus oito minutos mostram como é praticamente impossível compará-los aos conterrâneos do Riverside em certos momentos (evidentemente, isso não é, de forma alguma, algo negativo). Porém, Cobwebs vem em seguida com uma singular e bem vinda dose de agressividade, aproximando-os um pouco do metal progressivo europeu (além da Polônia, claro) e com ligeiras reladas no lado um pouco mais extremo da coisa, enquanto First Felt Pain retoma a direção mais atmosférica, com excelentes mudanças de andamento.

Com estruturas mais simples e inserção de sutis elementos eletrônicos, a lenta e belíssima New Made Man é uma faixa que caberia perfeitamente para ser o single do disco e servir como apresentação para novos ouvintes. E por falar nisso, a balada acústica Numb mescla passagens quase ritualísticas com uma ótima interpretação vocal, funcionando como a calma antes da tormenta que é Ember Night, mais um momento aonde eles agregam mais influências de peso à sua identidade, criando um interessante contraste com as vozes limpas e melancólicas.

Mais um momento de tranquilidade no disco, a longa Bruises poderia muito bem ter sido lançada em qualquer um dos discos da trilogia Reality Dream, do Riverside, tamanha a semelhança instrumental e harmônica, e em como ela se desenvolve. Steps in the Gloom, em seguida, remete um pouco ao prog metal americano da década de noventa, porém soa um tanto quanto cansativa devido às passagens instrumentais e pela longa duração das faixas anteriores.

Alternando entre momentos cadenciados e outros um pouco mais arrastados, Deadringer acaba não auxiliando muito em tornar a audição do álbum mais aproveitável, pelo próprio andamento, deixando a sensação de ser maior do que realmente é. Ou seja, pelo menos 15 minutos do disco parecem durar uma eternidade, o que compromete, em muito, um trabalho que já tem a excessiva duração de uma hora. Porém, a banda volta aos eixos com a interessante Coda, que explora diversos ritmos em uma só faixa, e de forma natural consegue cumprir o que as anteriores não conseguem de forma satisfatória. Uma ligeira reprise de Numb encerra o álbum de forma magistral, carregada de emoção, mesmo sendo apenas a repetição resumida de outra música.

No geral, o Votum tem um potencial considerável, uma execução musical livre de erros e tem plena noção de quais os seus objetivos. Harvest Moon tem um excelente início, e desenvolve a audição de forma tranquila e natural, porém, a segunda parte da obra acaba extrapolando alguns limites e pecando pelo exagero, com faixas demasiadamente longas e sem o sentimento necessário. No entanto, é interessante notar que, apesar das inevitáveis comparações com o som do Riverside, o Votum vem criando uma identidade própria, com a inserção de elementos mais agressivos, mais ligados ao prog metal do que ao hard rock e ao atmospheric rock, criando com o passar do tempo uma dinâmica completamente diferente, ainda que oscilante em alguns momentos.

Harvest Moon Votum

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Tracklist

01. Vicious Circle
02. Cobwebs
03. First Felt Pain
04. New Made Man
05. Numb
06. Ember Night
07. Bruises
08. Steps In The Gloom
09. Deadringer
10. Coda
11. Numb (Reprise)

Lineup

Maciej Kosinski – vocal
Alek Salamonik – guitarra
Adam Kaczmarek – guitarra
Zbigniew Szatkowski – teclado
Bartek Turkowski – baixo
Adam Lukaszek – bacteria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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