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Van Canto – “Break The Silence”


O controverso Van Canto atraiu os bons e os maus olhares do público headbanger com o seu debut “A Storm To Come”, pelo simples fato de a banda não ter nenhum instrumento além da bateria, sendo que as bases da guitarra e de baixo eram todas “vocalizadas”, ou seja, cantadas através dos “rakkatakka”. Ao mesmo tempo que muitas pessoas gostaram muito da inovação que a banda trouxe, alguns fãs mais ortodoxos criticaram severamente, alegando que se não tem guitarra não pode ser Metal.

Independente desses mais nervosos, a banda atingiu reconhecimento mundial, embalados pelo single “The Mission” e os ótimos covers que fizeram de clássicos do Heavy Metal (Metallica, Manowar), a banda lançou “Hero” e “Tribe Of Force”, voltando em 2011 com “Break The Silence”, o quarto trabalho em 6 anos, trazendo novamente uma produção impecável e mais convidados especiais.

O disco já abre com “If I Die In Battle”, que arrisco dizer, é a melhor música do Van Canto de todos os tempos. As melodias vocais, como as bases foram construídas, o seu desenvolvimento, passando de belos momentos até chegar ao clímax épico é realmente impressionante, superando muitas músicas de bandas “convencionais” por aí. Em seguida, “Seller Of Souls” segue um pouco mais convencional (se considerarmos o Van Canto), mas que tem seus melhores momentos nos momentos de maior calmaria, mostrando que o resultado de criar melodias sem o rakkatakka também funciona muito bem. O primeiro cover do disco é de “Primo Victoria”, dos suecos do Sabaton, inclusive com participação do vocalista Joakim Brodén. Apesar de nem sempre as versões deles ficarem perfeitas, podemos dizer que essa conseguiu manter o espírito da música, um pouco mais soturna e mais cadenciada, mas ainda com todo aquele sentimento épico, coisa que também acontece com “Dangers In My Head”, que investe em partes mais cadenciadas e melódicas, sem abusar da velocidade do Power Metal. “Black Wings Of Hate” foge novamente um pouco do convencional, conduzida pelos vocais de Inga Scharf (que arrisca umas partes líricas, mas o seu ápice mesmo é quando canta agressiva) e uma levada meio Folk em algumas partes, enquanto “Bed Of Nails”, um inusitado cover do Alice Cooper mostra como a banda soa fora do eixo Power Metal no seu estilo, e podemos dizer que o resultado ficou realmente bom!

“Spelled In Waters”, uma baladinha traz o acompanhamento na guitarra de Marcus Siepen, do Blind Guardian. Ou seja, é impossível não compararmos com a sonoridade dos bardos alemães, principalmente por causa das linhas instrumentais. Mudando um pouco, a banda apostou agora em cantar em alemão com “Neuer Wind”, e podemos dizer que o resultado ficou MUITO bom! Ao contrário de algumas bandas que tentam cantar no seu idioma natal, no caso do Van Canto encaixou bem. Em seguida “The Higher Flight” mantém um pé no Power Metal, mas trazendo pequenas alterações sutis que engrandecem em muito, sendo mais um dos grandes momentos da carreira deles. E “Master Of The Wind” é mais um cover do Manowar, que, convenhamos, ficou bem mais interessante do que a original, principalmente pela sacada de ser cantada por uma voz feminina. A única dúvida é de onde vieram os pianos da música, já que em nenhum lugar é informado quem toca o instrumento. Seria uma ótima forma de encerrar o álbum, mas ele vem com três ótimas surpresas ainda: a épica “Betrayed”, o ótimo cover de “Bad To The Bone”, do Running Wild e “A Storm To Come”, música que é nome do seu primeiro álbum e aqui está presente com a maior música já composta por eles, com mais de nove minutos do “Hero Metal A Capella”, como eles mesmo se intitulam. O mais interessante é que eles conseguem incluir várias possibilidades da voz como instrumento e fica a grande dúvida de como tocarão isso ao vivo, afinal de contas, são quase 10 minutos ininterruptos harmonizando a voz. Haja corda vocal!

O Van Canto andava meio mal das pernas depois do esquisito “Hero” e o mediano “Tribe Of Force” e “Break The Silence” é o seu desafio final. E graças ao talento dos caras, eles conseguiram se superar e fazer um álbum tão memorável quanto o debut “A Storm To Come”, dosando a quantidade de covers (que são legais, de qualquer forma) e investindo mais nas músicas próprias, explorando várias possibilidades, dando um dinamismo muito bem encaixado no álbum e que pode ser ainda mais aprofundado nos próximos trabalhos.

E uma coisa não se pode negar. O Van Canto é uma das raras coisas que surgiu de REALMENTE inovador no Metal nos últimos anos. Vida longa ao Rakkatakka.

01. If I Die In Battle
02. The Seller Of Souls
03. Primo Victoria
04. Dangers In My Head
05. Black Wings Of Hate
06. Bed Of Nails
07. Spelled In Waters
08. Neuer Wind
09. The Higher Flight
10. Master Of The Wind
11. Betrayed
12. Bad To The Bone
13. A Storm To Come

Line-up

Dennis “Sly” Schunke – Vocal
Inga Scharf – Vocal
Stefan Schmidt – Rakkatakka Baixo / Wahwah Solo Guitar Vocal
Ross Thompson – Rakkatakka Alto
Ingo “Ike” Sterzinger – Baixo Dandan
Bastian Emig – Bateria

Nota 8

Break The Silence Van Canto

Tracklist

Lineup

Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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