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The Dear Hunter – “Migrant”


Iniciado pelo músico Casey Crescenzo como um projeto paralelo despretensioso à sua banda principal na época, The Receiving End of Sirens, o The Dear Hunter acabou crescendo e se tornando mais do que uma simples ideia. Construindo um conceito contínuo, a banda lançou uma discografia sólida, com três álbuns, além do megalomaníaco The Color Spectrum, composto de nove EPs, que pouco se assemelham entre si e nem parecem que foram feitos por uma só banda.

TDH

Migrant, o quinto trabalho, tem como principal tarefa, fugir um pouco dos conceitos anteriores e ser uma obra solta, mais pessoal e tranquila, marcando a estreia do The Dear Hunter agora sob o seu próprio selo, a Cave & Canary Goods.

O clima intimista que domina o álbum é iniciado com a simples e melódica Bring You Down, conduzida prioritariamente em uma tranquila linha de piano, que abre um variado leque de possibilidades para o trabalho de vozes, o mesmo acontecendo em Whisper, com eficientes arranjos orquestrais e um fortíssimo acento pop britânico. Um pouco mais teatral, Shame poderia muito bem figurar no repertório de algum pianista durante apresentações em restaurantes caríssimos ou qualquer lugar que necessite de uma música ambiente que desperta a atenção em determinados momentos, e bem diferente de An Escape, uma das poucas oportunidades em que guitarra e baixo aparecem pra valer no álbum.

Shouting At The Rain, mais uma belíssima faixa em Migrant, e com uma das melhores letras já escritas por Crescenzo traz novamente em sua simplicidade aquelas melodias que insistem em permanecer durante horas na sua mente, enquanto The Kiss Of Life afunda a banda completamente no lado mais indie da sua sonoridade, algo que vem se mostrando cada vez mais presente nas composições, e ainda mais evidente em Girl. Cycles, porém, retoma o direcionamento pop anterior, mesmo sem o mesmo impacto ou apelo das outras faixas.

As linhas de piano como personagem e condutoras reaparecem em Sweet Naiveté, proporcionando um tímido flerte com aquele jazz menos extravagante e mais pessoal, diferente de Let Go, que não foge muito do que o The Dear Hunter fez no último álbum, e poderia muito bem ter sido encaixado em algum dos EPs, aliás. A lenta e melancólica This Vicious Place, com sua linha guia repetitiva, parece mais uma passagem até a finalização do disco em Don’t Look Back, uma reflexiva e um tanto quanto negativista faixa de encerramento, que acaba pecando por se mostrar excessivamente longa.

E talvez essa seja o único aspecto que atrapalha em determinadas partes de Migrant: o disco é carregado de diferentes atmosferas, temas ambíguos e altamente subjetivos, com belíssimas melodias, mas que em certos momentos acabam passando um pouco do limite do agradável e soando um tanto quanto cansativos. Porém, é inegável que o objetivo de Casey Crescenzo em fazer deste uma obra extremamente pessoal e intimista tenha sido cumprido, e ele acerta em praticamente todas as faixas sobre como manter a identidade do The Dear Hunter intacta e ainda assim tentar dar alguns novos passos sobre caminhos que ainda não foram trilhados a fundo.

Migrant é uma daquelas obras para colocar para rodar, e simplesmente acompanhar. Elas definitivamente têm algo para dizer, e cada um pode absorver facilmente à sua maneira.

Migrant The Dear Hunter

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Tracklist

01. Bring You Down
02. Whisper
03. Shame
04. An Escape
05. Shouting At The Rain
06. The Kiss Of Life
07. Girl
08. Cycles
09. Sweet Naiveté
10. Let Go
11. This Vicous Place
12. Don’t Look Back

Lineup

Casey Crescenzo – vocal / piano / guitarra / baixo
Nick Crescenzo – bateria / percussão / vocal
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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