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TesseracT – “One”


Uma das bandas que está na linha de frente dessa nova vertente que estão chamando de Djent (ou Discípulos de Meshuggah, se preferirem), ao lado de bandas como Periphery, Animal As Leaders e Textures, o TesseracT traz aqueles mesmos riffs caóticos e experimentais com boas doses da atmosfera do Post Metal.

Iniciado como um projeto do guitarrista Acle Kahney, aos poucos ele foi agregando outros músicos da “cena Djent” e originou a banda, com o propósito de abraçar o experimentalismo, a sensibilidade progressiva sem excesso de virtuosismo, gerando músicas atmosféricas, pesadas, com forte emoção e que cria poderosas imagens mentais, e aos que compreendem, é surpreendentemente simples (essas são palavras da própria banda).

Produzido por Acle Kahney e Amos Williams, o debut da banda “One” vem recebendo críticas positivíssimas ao redor do mundo e até algumas polêmicas, já que o vocalista Daniel Tompkins já deixou a banda e foi substituído por Elliot Coleman e não foi tão bem aceito por uma parcela dos fãs.

A atmosfera para o álbum vai lentamente sendo criada com as partes Post-Metal de “Lament”, que se desenrola para algo gradativamente caótico, uma versão mais progressiva e climática do Meshuggah (bem mais leve, óbvio) que transmite a estranha sensação de estar afundando em câmera lenta, assim como em “Nascent”, com elementos que remetem consideravelmente ao Protest The Hero. Em seguida, inicia-se a mega suíte “Concealing Fate”, o principal motivo pelo qual esse disco está sendo considerado um dos melhores lançamentos de 2011 e chamando a atenção do circuito progressivo mundo afora. Dividida em seis partes, a faixa totaliza mais de 27 minutos de passagens complexas, mudanças de andamento inesperados e melodias esquisitas. “Acceptance”, a primeira (e maior) parte consegue misturar ao longo dos oito minutos influências que vão desde Metalcore até o próprio Meshuggah e, porque não, o Coheed and Cambria, todos sobre uma atmosfera carregadíssima, que já fazem a base para a segunda parte “Deception”. Cantada predominantemente com vocais limpos e hipnóticos, contrastam muito bem com o caos que os riffs criam, desenrolando para “The Impossible”, possivelmente aquela com passagens mais inesperadas e mudanças dignas de aplausos (beirando a incompreensão, de você estar ouvindo e não entender nada). Em seguida, a quarta parte “Perfection” funciona mais ou menos como a balada do disco, bem atmosférica e “flutuante”, e curta, já que logo em seguida, a passagem instrumental “Epiphany” já abre o caminho para “Origin” fechar a suíte de forma belíssima e digna.

Depois da catarse de quase meia hora, ainda vem “Sunrise”, com uma estrutura um pouco mais simples, mas ainda no limite da complexidade, enquanto a balada “April” remete facilmente aos momentos mais tranqüilos dos holandeses do Textures. Encerrando o disco, mais uma das maiores surpresas, a ótima “Eden”, onde parece que eles pegaram todas as influencias e todo o trabalho no restante do disco em questão de passagens quebradas, melodias e atmosferas e empurraram até o próprio limite. Afinal de contas, a música é belíssima, como se puxasse de volta para a superfície o ouvinte que afundou lentamente no início do álbum.

A experiência de ouvir este debut do TesseracT é algo que deve ser feito com o sentimento certo, afinal de contas, não é simples de ser digerido, é claustrofóbico, em momentos incompreensível e alguns menos preparados podem querer abandonar o barco no meio. Mas depois de algumas tentativas, quando você entende como funciona e qual a intenção da banda, torna-se natural a audição, e inacreditavelmente agradável a forma como se extrai a música do caos sonoro inicial que é apresentado.

One TesseracT

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Tracklist

01. Lament
02. Nascent
03. Concealing Fate
- Part One: Acceptance
- Part Two: Deception
- Part Three: The Impossible
- Part Four: Perfection
- Part Five: Epiphany
- Part Six: Origin
04. Sunrise
05. April
06. Eden

Lineup

Daniel Tompkins – Vocal
Acle Kahney – Guitarra
James Monteith – Guitarra
Amos Williams – Baixo
Jay Postones – Bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

Uma resposta para “TesseracT – “One””

  1. Camiloluccas disse:

    Esse disco realmente lindo :}

    O que me chama atenção é que mesmo sendo Djent ele é muito acessivel.4

    Cara e a voz do Daniel Tompkins? PUTA QUE PARIU que coisa linda.

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