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Sunpocrisy – “Samaroid Dioramas”


A história do italiano Sunpocrisy remonta ao ano de 2005 quando o guitarrista Jonathan Panada e o baterista Carlo Giulini começaram a escrever as primeiras ideias para uma banda de Prog Death Metal. Porém, foi apenas em 2008, quando já estabelecidos como um quarteto, a banda gravou o seu primeiro registro, o EP “Atman”, que levou-os a abrir o show de bandas como The Ocean e Black Sun Aeon, e garantir uma das primeiras posições no Wacken Metal Battle.

Com o passar dos anos, as novas composições foram ficando mais e mais complexas, a um ponto em que um terceiro guitarrista e um tecladista se mostraram necessários para a preparação da gravação do debut “Samaroid Dioramas”, no final de 2011, sob supervisão de Riccardo Pasini no Studio 73. O álbum foi lançado de forma completamente independente pela banda em fevereiro de 2012 e acertou em cheio na produção e no belíssimo conceito artístico, chamando a atenção instantaneamente.

A longa introdução ruidosa de “Apoptosis” já começa questionando se os italianos não extrapolaram nos experimentos e acabaram perdendo a mão, e as perguntas são respondidas quando os primeiros segundos de “Apophenia” surgem, já mostrando a forte influência de The Ocean no som deles: riffs quebrados sobre uma fortíssima linha atmosférica, exalando técnica e vocais alternados entre o rasgado e o limpo de forma bem natural. Ao longo dos mais de dez minutos a banda também passa pelo Post-Metal típico de bandas como Isis e Cult of Luna, e melodias bem tranquilas que lembram bastante os momentos de calmaria do Textures, e tão bem construídos que nem se percebe o tempo passar. E esses momentos mais flutuantes iniciam ““Φ – Phi”, uma faixa que se mostra dona de um groove violento e complexo, e apesar da duração, traz estruturas mais dentro do padrão, e talvez por isso seja um destaque imediato.

Barulhos de guitarra e sintetizadores iniciam “Vertex” como uma versão mais caótica das longas introduções do Prog setentista, até se transformarem em uma belíssima arrastada faixa, que continua pelo interlúdio “Trismegistus” até a pesadíssima “Samaroid”, aonde podem ser ouvidos sopros de Mathcore e Deathcore, principalmente bandas como Between The Buried And Me e The Dillinger Escape Plan. Logo em seguida, “Samaroid / Dioramas” é uma espécie de balada de tempos inacreditáveis e uma notável liberdade instrumental, com infinitas texturas de teclados e guitarras que chegam até a tornar o som confuso em algumas partes. Por último, “Dioramas” (sacaram a jogada com os nomes?) vai um pouco além na atmosfera e investe pesado em um som mais viajante, lento e bem repetitivo, que aliado a voz distorcida e carregada tem um resultado bem interessante até o fim da música, quando eles parecem voltar ao lado mais agressivo e quebrado, e encerrar o disco com os mesmos ruídos anteriores.

Apesar de apenas reciclar a sonoridade das suas mais evidentes influências (o que por si só já é um feito considerável, considerando quais elas são), o Sunpocrisy lança um debut que é um prato cheio para quem aprecia esse estilo que vai do mais tenso atmosférico ao peso absurdo, sempre mantendo a linha técnica. Sem medo de soar pretensioso demais, nem se preocupar com rótulos ou sucesso comercial, esses italianos lançam um debut muito bem feito, e de um nível de entrosamento e complexidade que algumas levam anos e anos de estrada para atingir.

Samaroid Dioramas Sunpocrisy

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Tracklist

01. Apoptosis
02. Apophenia
03. Φ – Phi
04. Vertex
05. Trismegistus
06. Samaroid
07. Samaroid / Dioramas
08. Dioramas

Lineup

Jonathan Panada – Vocal / Guitarra
Gabriele Zampieri – Vocal / Baixo
Matteo Bonera – Guitarra
Marco Tabacchini – Guitarra / Noise
Stefano Gritti – Sintetizador / Teclado
Carlo Giulini – Bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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