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Storm Corrosion – “Storm Corrosion”


Projeto que reúne duas das mais respeitadas, criativas e geniais mentes do Progressivo atual, o Storm Corrosion surgiu como ideia no final da década de 90, quando Mikael Akerfeldt e Steven Wilson se conheceram e a longa parceria musical se iniciou. Os primeiros planos concretos de um álbum, porém, só foram anunciados em 2006 e o processo de composição e gravação apenas em 2010 e 2011, respectivamente.

O disco foi gravado e ficou arquivado enquanto o Opeth lançava “Heritage” e Steven Wilson trabalhava em “Grace For Drowning”, chegando a ser lançado apenas agora em 2012 via Roadrunner Records, um dos álbuns mais aguardados dos últimos tempos, e segundo os músicos, é o encerramento de uma trilogia iniciada pelos dois álbuns citados.

“Drag Ropes” abre o álbum com melodias soturnas, um longo acorde de sintetizador onipresente funcionando como plano de fundo para notas esparsas de piano, órgão e violão e as vozes simples, quase sussurradas de Akerfeldt e Wilson, que funcionam perfeitamente mesmo sobrepostas. Mas esses são apenas elementos complementares: o personagem principal em “Storm Corrosion” é a esquisitíssima sensação que cada instrumento, cada nota, cada passagem traz ao ouvinte. As estruturas das músicas são complexas, mudam de repente, de uma bonita progressão de acordes para um som ambiente aterrorizante em questão de segundos. Os dez minutos da faixa que dá nome à banda são calcados em um incessante dedilhado (você percebe até a oscilação no volume em que ele é tocado), com a voz de Wilson em alinhamento perfeito com a melodia “flutuante” da música. A inclusão de sons dissonantes e ruídos indefinidos na música dá uma tonalidade um tanto quanto perturbadora a ela, mais ou menos na linha de bandas vanguardistas, como Goblin ou Cromagnon. As linhas um tanto quanto sinistras voltam na fantasmagórica “Hag” graças às belíssimas notas de piano e o baixo pulsante, que continuam até a metade da música, quando um improviso de bateria (gravado de forma completamente suja) aparece durante alguns segundos, para depois retomar a estrutura “normal”.

Completamente conduzida pelo violão, “Happy”, apesar do nome, tem um clima bem melancólico e contemplativo, com algumas interferências ao longo da música que soa como se alguma força estivesse agindo sobre a sua transmissão e depois volte como se nada tivesse acontecido. Como o próprio nome pode sugerir, “Lock Howl” traz alguns elementos que vão desde o Avant-garde dos anos 70 ao Folk da mesma época, de bandas como o Cressida e o Gracious, uma instrumental no mínimo perturbadora. Encerrando o álbum, “Ljudet Innan” basicamente é um longuíssimo crescendo atmosférico, com boas doses de Post Rock, relaxante e lento, como se as cinco músicas anteriores fossem uma jornada perturbadora, reflexiva, pela qual você tivesse que passar, enfrentar e compreender para chegar ao objetivo final. É como se os créditos de um filme estivessem subindo depois de ter acabado sem trazer muitas respostas, deixando tudo em aberto para que cada um possa tirar as suas próprias conclusões.

“Storm Corrosion” certamente é um trabalho único, fruto da reunião de duas das mais geniais e criativas mentes da música atual, é uma experiência um tanto quanto esquisita, um longo caminho pelo qual você percorre para chegar a algum lugar que não se tem muita certeza. As palavras de Mikael Akerfeldt e Steven Wilson definem bem o que se ouve aqui: “um tanto quanto assustador, exaustivo, profundo e bem intenso. Maduro, perturbador e estranho”. Estão são apenas alguns adjetivos, mas de qualquer forma, é um trabalho de vanguarda como o que se fez no obscuro underground dos anos 70 em obras praticamente perdidas no tempo.

Storm Corrosion Storm Corrosion

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Tracklist

01. Drag Hopes
02. Storm Corrosion
03. Hag
04. Happy
05. Lock Howl
06. Ljudet Innan

Lineup

Mikael Akerfeldt – Vocal / Guitarra
Steven Wilson – Vocal / Teclado / Sintetizador / Arranjos orquestrais
Gavin Harrison – Bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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