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Steven Wilson – “Grace For Drowning”


Aviso: review isento de imparcialidade.

Steven Wilson. Que progger que não conhece esse cara? Porcupine Tree, Blackfield, No-Man, Opeth, Orphaned Land, Anathema e recentemente sua carreira solo. Onde há qualidade musical há uma grande chance do mestre Wilson estar por trás. Desta vez ele é o protagonista, seu segundo álbum solo vem recheado de mudanças perante o debut “Insurgentes”.

O propósito de sua carreira solo é fazer uma música mais experimental do que no Porcupine Tree, e é isso o que ele começou a fazer em seu primeiro álbum. No entanto não há mais nenhuma semelhança  entre ele e Grace For Drowning, seu segundo lançamento. Em Insurgentes suas influências foram calcadas nos anos 80 com bandas como The Cure, Joy Division e My Bloody Valentine. Já em 2010 Steven começou a relançar a discografia remasterizada do King Crimson, sendo essa a maior influência, além do Prog clássico dos anos 70 de outras bandas como Pink Floyd e Jethro Tull. Sem desmerecer as influências do Insurgentes que é um excelente álbum, mas nós como bons proggers, preferimos os anos 70, o ápice da qualidade musical.

Sou suspeito para falar de Steven Wilson, já que ele é meu músico favorito. Seus dois últimos lançamentos com o Porcupine Tree (The Incident) e Blackfield (Welcome To My DNA) foram bem abaixo do esperado, mas agora com certeza toda sua genialidade e criatividade voltou de forma magistral. Dando play no disco, começamos com uma introdução das mais belas dominada pelo piano. Logo então damos de cara para o que de sensacional iremos encontrar por todo o álbum. “Sectarian” é uma faixa instrumental que remete muito aos tempos de Lark’s Tongues In Aspic do Crimson. Com mellotron dos mais atraentes temos um “refrão” poderosíssimo aliado a coros incríveis, uma verdadeira viajem. Nela podemos notar também os primeiros traços de experimentações do álbum que logo virão com mais frequência.

“Deform to Form a Star” (nome também dado ao CD 1) poderia facilmente estar em um álbum do Porcupine Tree e seria destaque absoluto. Uma música semi-acústica já característica de toda sua carreira porém com instrumentação encorpada, já que todo o álbum pede isso. Ela caminha quase que sorrateiramente prendendo a atenção do ouvinte e termina de uma forma tão bonita que é quase impossível não acompanhar os vocais de Wilson com os típicos “lararas”. Pausa para descanço pois agora estamos em “No Part of Me”, algo ainda não explorado, toques eletrônicos aliados ao piano objetivo. Sem ao menos perceber estamos em uma melodia incandescente, o baixo vai dando crescimento a música até que nos vemos num típico Avant-Garde Metal com palmas ao fundo! Se já não bastasse essa loucura, entra um solo de Sax tão distorcido que parece mais uma guitarra, dando fim a uma das melhores e mais inovadoras músicas dos últimos anos.

Sem deixar de lado o termo “melhor e mais inovador”, “Postcard” vem com a proposta de te deixar anestesiado de uma forma ou outra, são tantas ideias e acordes magníficos que  fica difícil você passar por ela sem ao menos ter se afetado emocionalmente. “Raider Prelude” é realmente um prelúdio extremamente tenso para uma música mais tensa ainda que veremos mais tarde. A já conhecida “Remainder the Black Dog” (que tinha sido liberada um bom tempo antes) começa com seu marcante riff intimidador de piano que vai levando a música. O grande destaque dela está em seus “Crescendos” aliadas a partes jazzísticas e experimentais. Depois de um solo de Sax, sem avisos prévios você presenciará um outro solo Motherfucker que eu PRESUMO que seja também de Sax só que destorcido ao máximo, é de uma insanidade tão grande que pode ser rotulado como “Noise”. Simplesmente genial. Depois disso a música vai ganhando mais partes de jazz e muitas experimentações. Forma perfeita de finalizar o Disco 1.

O disco 2 começa de uma forma mais melancólica, “Belle de Jour” tem o segredo da solidão e da nostalgia. O clima é cortado por “Index”, com resquícios do trip-hop só que de forma única. Ela aliás, também possui um excelente clipe onde Steven está ao meio de vários manequins, é uma representação que remete ao livro “The Collector”. Vale muito a pena acompanhar a música com o vídeo-clipe. “Track One” começa com uma melodia apenas no violão bastante introspectiva, ao longo ela vai ganhando sintetizadores com a voz doce de Wilson acompanhando, então de repente… POW! Um clima drone/noise ou seja lá o que for toma total posse da música. Muitos sustos ocorrerão principalmente para os mais destraídos e desavisados. Dica: Ouça-a em bons fones de ouvido que garanto que a experiência será absurdamente sinistra!

Hora de nos aventurarmos à “Raider II”, a faixa que já teve uma introdução anteriormente. O épico de 23 minutos e talvez a melhor obra que Steven já criou em sua carreira. Um início misterioso com teclas de piano mais graves possíveis, o vocal dá o tom de sofrimento. Hora de entrar o riff jazzístico à lá “21st Century Schizoid Man” aliado a coros épicos, os vocais estão REALMENTE impressionantes. Seguindo adiante a flauta começa a ganhar posse e as influências de Jazz se tornam explícitas. Numa quebra de ritmo temos uma parte psicodélica bem pesada com o uso de guitarras, que aliás é um instrumento pouco usado no álbum todo. Mais experimentações e um clima de suspense te prepara para o que está por vir. apartir dos 17 minutos temos aquele momento que pode-se dizer sobrenatural: Como usar um baixo de forma épica, como usar um clima tenso com Saxofones descontrolados de forma épica e como fundir a mente com uma explosão de forma épica. Ela termina calmamente e o único pensamento enquanto este fim é executado é: o que foi isso?

“Like Dust I Have Cleared From My Eye” (Nome do Cd 2) te cura desta atrocidade que foi “Raider II”. Uma música serena para um apreciamento total de “Grace For Drowning” que termina com sintetizadores que mais fazem parecer que você acordou de um sonho. Simplesmente isso.

Meu sentimento é de alegria extrema por poder ouvir este duplo álbum que não é só o melhor do ano de 2011 como o melhor dos últimos tempos. Um revival do melhor do passado com o melhor do presente, nele há tudo o que eu queria de um álbum que beira a perfeição. Obrigado Mr. Steven Wilson!

Grace For Drowning Steven Wilson

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Tracklist

CD1:
1. Grace for Drowning
2. Sectarian
3. Deform to Form a Star
4. No Part of Me
5. Postcard
6. Raider Prelude
7. Remainder the Black Dog

CD2:
1. Belle de Jour
2. Index
3. Track One
4. Raider II
5. Like Dust I Have Cleared From My Eye

Lineup

Steven Wilson
Andrew Rosario

6 respostas para “Steven Wilson – “Grace For Drowning””

  1. Claudio Fabbri disse:

    Gostaria de saber quais os músicos que tocam com ele nesse album. Realmente o disco tá lindo!!

  2. Colocarei apenas aqui para não deixar gigante o review:

    (Créditos ao Estevão da comunidade do Porcupine Tree)

    – Grace For Drowning

    Piano – Jordan Rudess

    Vocals (40 tracks), keys – SW

    – Sectarian

    Guitars, keys, autoharp, bass guitar – SW

    Soprano sax – Theo Travis

    Clarinet – Ben Castle

    Stick – Nick Beggs

    Drums – Nic France

    – Deform To Form A Star

    Vocals, guitars, keys – SW

    Piano – Jordan Rudess

    Clarinets – Theo Travis

    Bass guitar – Tony Levin

    Drums – Nic France

    – No Part Of Me

    Vocals, keys (and some percussion, claps … etc.) – SW

    Acoustic and electronic drums – Pat Mastelotto

    U8 touch guitar – Markus Reuter

    Bass guitar solo – Nick Beggs

    Warr guitar / bass guitar – Trey Gunn

    Saxophone solo – Theo Travis

    Strings – London Session Orchestra, arranged and conducted by Dave Stewart

    Additional production – Pat Mastelotto

    – Postcard

    Vocals, piano, keys, guitar, bass – SW

    Drums – Nic France

    Strings – London Session Orchestra

    Choir – Synergy vocals

    Strings and choir arranged and orchestrated by Dave Stewart

    – Raider Prelude

    Piano, gong – SW

    Choir – Synergy vocals (arranged by Dave Stewart)

    – Remainder The Black Dog

    Vocals, piano, keys, glockenspiel – SW

    Guitars – Steve Hackett

    Flute, clarinet, sax – Theo Travis

    Stick, bass guitar – Nick Beggs

    Drums – Nic France

    – Belle De Jour

    Guitars (nylon string), keys, autoharp, bass – SW

    Strings – London Session Orchestra, arranged and conducted by Dave Stewart

    – Track One

    Vocals, guitars, keys – SW

    Drums – Nic France

    – Index

    Vocals, keys, guitar, autoharp, programming – SW

    Acoustic and electronic drumming – Pat Mastelotto

    Strings – London Session Orchestra, arranged and conducted by Dave Stewart

    – Raider II

    Vocals, guitar, piano, keys, harmonium, percussion, bass (2nd half) – SW

    Clarinet, flute, saxophone – Theo Travis

    Piano solo – Jordan Rudess

    Guitar – Mike Outram

    Acoustic guitar – Sand Snowman

    Stick, bass (1st half) – Nick Beggs

    Drums – Nic France

    Sound design (coda) – Dave Kerzner

    Choir – Synergy vocals (arranged by Dave Stewart)

    – Like Dust I Have Cleared From My Eye

    Vocals, guitars, piano, keys, harmonium, autoharp – SW

    Bass guitar – Tony Levin

    Drums – Nic France

    Realmente é um time de primeira!

  3. Iris disse:

    Desculpa o palavreado de péssimo nível mas PUTA QUE PARIU, o que é Raider II???? Estou completamente estarrecida com a beleza estranha dessa faixa. Puta merda!!

  4. Alexandre disse:

    Acho lindo o final de Deform to Form a Star. Vou tentar comprar a edição de luxo.

  5. Esse album é muito bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

    Brinks, a Raider 2 realmente é foda

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