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Rush – “Clockwork Angels”


O Rush entra naquela categoria de bandas que realmente não precisam de nenhuma apresentação, certo? “Clockwork Angels” é o décimo nono álbum dos canadenses, produzido pela própria banda em conjunto com Nick Raskulinecz. Sem delongas, vamos ao disco.

As duas faixas previamente liberadas (e que já faziam parte do set-list na turnê Time Machine) “Caravan” e “BU2B” são as responsáveis por abrir o disco, aonde cumprem o seu papel de forma exímia: a primeira com uma boa dose de riffs pesados, ótimas melodias, produção impecável e a sempre virtuosidade invejável do Power trio, que fisgam o ouvinte logo de cara, enquanto a segunda traz ritmos cadenciados e complexos, mas com notável musicalidade para cair nos gostos de qualquer fã de Rock. Excelente, certo? Aí começam a aparecer alguns incômodos.

A atmosfera criada na faixa título é bem interessante, mais etérea, flutuante, porém fica a impressão de que as variadas partes da música foram compostas separadamente e forçadamente juntadas depois, deixando um vazio na ligação e na falta de uma melodia realmente marcante. “The Anarchist” é uma outra faixa promissora que acaba caindo no excessivo uso de efeitos nas vozes e na sensação de que Geddy Lee está cantando a mesma melodia desde o início do álbum. Com “Carnies” o Rush resgata um pouco do seu lado mais Hard Rock, sem soar datado (lembra bastante algumas das bandas mais modernas, aliás), e assim como “Halo Effect”, são faixas estruturalmente mais simples, mesmo com ideias diferentes entre si, já que a segunda é uma balada regada a boas passagens orquestrais, mas não exatamente memorável.

O virtuosismo toma a frente de novo em “Seven Cities Of Gold” e mostra o Rush resgatando mais e mais elementos das décadas de 80 e 90 e encaixando-os muito bem, de forma que mesmo os efeitos na voz não atrapalham e fazem desta mais um destaque em “Clockwork Angels”. Depois do curto interlúdio tipicamente setentista de “BU2B2”, vem “The Wreckers”, uma mezzo-balada dotada de fortes melodias que parecem saídas diretamente da fase mais Progressiva da banda e de longe é a melhor faixa do trabalho.

“Headlong Flight” foi mais uma das faixas liberadas antes do lançamento do álbum e nela fica o mistério sobre aonde foram parar as guitarras de Alex Lifeson, tamanha a presença do baixo. E apesar de também ter mais de sete minutos, é uma faixa que se aproxima em muito do Heavy Metal em si e se torna um pouco cansativa por causa do andamento contínuo. Com um clima bem positivo, “Wish Them Well” soa bem Hard Rock e despretensioso (com direito a paradinha para o público cantar), facilmente ofuscada por outras faixas, como por exemplo, “The Garden”, uma viagem progressiva que encerra magistralmente o disco.

Resumindo friamente “Clockwork Angels”, podemos dizer que é um trabalho bom. Não é espetacular, revolucionário, candidato a novo clássico nem figura na lista de melhores do ano, mas também não decepciona por completo.

[E a partir de agora vou falar só na 1ª pessoa, pra deixar bem claro – pra quem ainda não entendeu em todos esses anos – que é a MINHA opinião sobre o álbum]

Pra mim, as únicas faixas realmente excelentes nesse álbum são “The Wreckers” e “The Garden”, enquanto “Caravan”, “BU2B” e “Seven Cities Of Gold” são muito boas. Não vejo as outras como um acréscimo considerável a discografia da banda. E isso não significa que sejam exatamente ruins – apenas que não tem uma característica marcante a ponto de serem lembradas daqui alguns anos (basta fazer o teste – quantas músicas você consegue lembrar inteiramente dos últimos álbuns? Pois é…). A questão é que não acho que “Clockwork Angels” é um disco que entrará para história, e talvez o fato de que muita gente estava com expectativas altíssimas sobre o álbum e por tratar-se de uma banda clássica, não se deixaram desapontar por algo que apenas cumpre o seu papel e não acrescenta de forma realmente importante para a música ou discografia do Rush.

Os comentários estão abertos.

Clockwork Angels Rush

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Tracklist

01. Caravan
02. BU2B
03. Clockwork Angels
04. The Anarchist
05. Carnies
06. Halo Effect
07. Seven Cities Of Gold
08. BU2B2
09. The Wreckers
10. Headlong Flight
11. Wish Them Well
12. The Garden

Lineup

Geddy Lee – Vocal / Baixo / Teclado
Alex Lifeson – Guitarra
Neil Peart – Bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

2 respostas para “Rush – “Clockwork Angels””

  1. George disse:

    De nenhuma forma eu concordo que seja um albúm pífio. Este album é o melhor desde 'Test for Echo" tranquilo! Nota 8,0 ou 9,0 sem pestanejar.

  2. Carolaine disse:

    Já eu achei um álbum excelente,todas as faixas me cativaram,mas The Garden, The Wreckers e BU2B foram as que eu achei realmente as melhores.

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