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Nile – “At The Gate Of Sethu”


Os americanos do Nile são um dos maiores e mais populares nomes do Death Metal atualmente e uma das poucas que por mais estúpida e agressiva que seja, acabou caindo nas graças do público não exatamente habituado ao estilo. Grande parte disso se deve a sua sonoridade técnica única, com elementos e instrumentos inusitados de música oriental/egípcia e as letras sempre tratando da mitologia daquele país.

 

Com uma discografia sólida e em constante evolução, em 2012 eles lançam “At The Gates Of Sethu”, o sétimo álbum da carreira, produzido por Neil Kernon e com a arte sob responsabilidade do grande Sith Sero-Anton, e aparentemente o Nile tenta timidamente fugir um pouco das características que levaram-nos ao lugar que estão hoje.

Cheia de efeitos remetendo a filmes épicos que se passam no Antigo Egito, “Enduring The Eternal Molestation Of Flame” já mostra um Nile meio diferente em relação aos trabalhos anteriores. Da cacofonia de timbres ultragraves e riff indecifravelmente técnicos, a banda opta por linhas relativamente um pouco mais simples, cadenciadas e focando o lado épico da coisa. Fora isso, os vocais parecem fugir um pouco do óbvio gutural grave e tem algumas boas variações, tornando a audição mais agradável e inteligível que o habitual. “The Fiends Who Come To Steal The Magick Of The Deceased” em seguida, mantém o mesmo direcionamento, que se não é exatamente mais melódico, leva a música do Nile a um nível completamente novo e bem mais dinâmico, enquanto “The Inevitable Degradation Of Flesh” é um Brutal Death Metal daqueles sem descanso nem para tomar um ar. Pelo menos na parte instrumental, pois o vocal nessa faixa está muito mais próximo do Thrash Metal do que de qualquer coisa, fato que se repete no Technical (e bota Technical aí) Death de “When My Wrath Is Done” e suas passagens assustadoramente complexas.

Depois do interlúdio étnico “Slaves Of Xul”, a épica e estupidamente agressiva “The Gods Who Light Up The Sky At The Gate Of Sethu” é um destaque imediato do álbum graças as infinitas mudanças de andamento que acompanham a história sendo contada na letra. “Natural Liberation Of Fear Through The Ritual Deception Of Death” vai por um caminho um pouco diferente e traz vários riffs de Thrash e Speed Metal mesclados de forma interessante ao som dos americanos. Mais um interlúdio, “Ethno-Musicological Cannibalisms” monta a base para o Death mais clássico de “Tribunal Of The Dead”, que narra mais um conto da forma mais caótica possível. Aparentemente tentando se livrar de mais alguns paradigmas, a faixa “Supreme Humanism Of Megalomania” chega a flertar (de leve, basicamente esbarrar) com os estilos mais modernos de música extrema americana, o último momento de calmaria antes da megalomania épica e brutal de “The Chaining Of The Iniquitous”, aonde o Nile realmente tenta montar a sua própria trilha sonora apocalíptica para um filme que se passa no Egito, caminhando pelas diversas sonoridades exploradas nesse álbum.

É interessante notar que mesmo estabelecido como um dos maiores e mais respeitados nomes do Metal extremo atual, e depois de atingir um nível de brutalidade e agressão técnica tamanha, o Nile parece estar buscando novos horizontes por caminhos um pouco mais tranquilos. Obviamente, a essa altura do campeonato e considerando a sua base de fãs que não é exatamente muito receptiva a mudanças drásticas de sonoridade, é uma ideia meio perigosa. Mas com “At The Gate Of Sethu” eles mostram que conseguem incluir mais elementos étnicos, aumentar a diversidade nas melodias vocais e incrementar ainda mais o seu instrumental sem perder nada da identidade.

At The Gate Of Sethu Nile

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Tracklist

01. Enduring the Eternal Molestation of Flame
02. The Fiends Who Come to Steal the Magick of the Deceased
03. The Inevitable Degradation of Flesh
04. When My Wrath Is Done
05. Slaves of Xul
06. The Gods Who Light Up the Sky at the Gate of Sethu
07. Natural Liberation of Fear Through the Ritual Deception of Death
08. Ethno-Musicological Cannibalisms
09. Tribunal of the Dead
10. Supreme Humanism of Megalomania
11. The Chaining of the Iniquitous

Lineup

Karl Sanders – Guitarra / Baixo / Vocal / Teclado / Glissentar / Baglama Saz
Dallas Toler-Wade – Guitarra / Baixo / Vocal
George Kollias – Bateria

Mike Breazeale – Vocal
Jason Hagan – Vocal
Jon Vesano – Vocal
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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