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Neo Partus: Evergrey – “Glorious Collision”


Não são muitas as bandas hoje em dia que tem uma sonoridade única, que vai construindo o seu próprio estilo com o passar dos anos até atingir um estado onde se torna praticamente impossível encaixá-los em algum estilo pré determinado. E os suecos do Evergrey se encaixam perfeitamente nesta descrição.

Desde o debut com “The Dark Discovery”, a banda já moldava seu som soturno, beirando o mórbido, com temas que sempre lidaram com sentimentos negativos, como morte, depressão e paranóia. Com o passar dos anos, o seu som foi ficando cada vez mais técnico, pesado, mas sempre carregado com um feeling e melancolia que dificilmente se vê de forma bem dosada.

Após os controversos “Monday Morning Apocalypse” e “Torn”, que torceu o nariz de alguns fãs mais ortodoxos, a banda retorna com “Glorious Collision”, o que representou uma mudança drástica, já que restaram apenas o vocalista/guitarrista gigante Tom S Englund e o tecladista Rikard Zander da formação junta há quase dez anos junta. Sendo assim, completaram a formação o guitarrista Marcus Jidell, o baixista Johan Niemann e o novato baterista Hannes Van Dahl, apresentados ao público principalmente através dos webisodes que eram disponibilizados semanalmente no site oficial, mostrando o processo de gravação do novo álbum.

Apesar das mudanças, um fator é inquestionável: o conceito por trás do Evergrey sempre foi e sempre será os sentimentos, e já com a abertura de “Leave It Behind Us”, é perceptível alguns fatores que percorrem todo o disco: os efeitos e inúmeras camadas de teclado estão a frente, guiando a música em conjunto com o vocal, enquanto as guitarras parecem ter sido tão rachadas e distorcidas na produção final que em alguns momentos torna-se quase imperceptível. Porém, isso não parece ser problema comparado ao som que a bateria teve no fim, bem abafada, chegando a ser esquisita em algumas partes, como em um trabalho amador (e isso não tem nada a ver com as habilidades técnicas do músico). “You”, em seguida, é basicamente uma ponte de ligação entre MMA e Torn, porém sem um impacto muito grande nas melodias vocais, principalmente o refrão, ao contrário do single que gerou o vídeo “Wrong”, que transborda feeling, soando quase como uma mezzo-balada e uma letra bem dramática. Logo depois, “Frozen” vem como uma música do tipo destruidora, a exemplo de “Fear”, do último álbum, com riffs certeiros e a união perfeita entre peso e melodia que com certeza será um ponto alto nos shows do Evergrey, assim como “Restoring The Loss”, que ainda bebe muito do direcionamento de “Torn”. A próxima, “To Fit The Mold”, por outro lado, segue um lado diferente, dificilmente comparado com trabalhos anteriores da banda, que a princípio pode soar confuso, mas se revela uma música bem carregada, quase tanto quanto a mórbida “Out Of Reach”, onde os maiores destaques são os teclados, novamente.

“The Phantom Letters” é a balada oficial do disco, e tem todas as características que já a tornaram um clássico imediato: um título com a cara da banda, um feeling absurdo e uma letra que consegue atingir o âmago de qualquer um, cujo crescendo é impressionante. Mas voltando ao peso, “The Disease” flerta novamente com novas sonoridades, onde o piano soturno funciona muito bem na companhia de efeitos eletrônicos dignos de bandas mais alternativas, caminhando para aquela que a real pedrada do álbum: “It Comes From Within”, onde a banda resgata todo o sentimento do “Recreation Day”, aliado ao “Torn” e cria mais um clássico, onde as guitarras realmente tem um cuidado especial. Em seguida, “Free”, conduzida de forma magistral no esquema piano e bateria parece uma irmã mais madura de “Closure”, do MMA, enquanto “I’m Drowning Alone” traz o mesmo direcionamento de “The Disease”, mais modernoso e groovy, mas não tão empolgante. O disco encerra com mais um capítulo a parte: a mezzo-balada “…And The Distance”, tanto as versões cantadas por Tom Englund quanto a por Carina Englund, cujas interpretações são de realmente dar um frio na espinha, um final trágico para um dos álbuns mais brutais em seu conceito desde “The Inner Circle”.

“Glorious Collision” é um dos álbuns com maior potencial da história do Evergrey, mas cuja produção acabam atrapalhando um pouco a sua audição e ocultando detalhes que enriqueceriam ainda mais cada música, e mostraria as verdadeiras técnicas de cada membro novo. As letras são fantásticas, assim como as vozes, como já se esperava, de forma que o sentimento, mais uma vez, consegue ficar acima de qualquer fator contra.

01. Leave It Behind Us
02. You
03. Wrong
04. Frozen
05. Restoring The Loss
06. To Fit The Mold
07. Out Of Reach
08. The Phantom Letters
09. The Disease
10. It Comes From Within
11. Free
12. I’m Drowning Alone
13. …And The Distance

Nota 8


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Neo Partus: Evergrey – “Glorious Collision”

Tracklist

Lineup

Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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