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Naglfar – “Téras”


Formado em 1992, o Naglfar é um dos mais (se não o mais) expressivos nomes do Black Metal sueco. Com o nome baseado no navio feito com as unhas dos mortos que carregarão os gigantes e as criaturas do caos quando acontecer o Ragnarok, a banda sempre investiu em um som mais carregado, menos apelativo nas questões clichês que o estilo geralmente aborda.

Cinco anos depois do ótimo “Harvest” e com uma considerável mudança no lineup, com a saída do baixista Peter Morgan Lie e do baterista Mattias Grahn, o agora trio retorna com “Téras”, sexto álbum da carreira, e cuja capa (feita por Niklas Sundin, do Dark Tranquillity) já demonstra vários sinais do seu conteúdo.

Após a arrastada e curta faixa título (que cabe perfeitamente aqui para já afundar o ouvinte no clima sempre soturno do Naglfar), “Pale Horse” ainda mais veloz do que nos álbuns anteriores, principalmente se comparado com o anterior “Harvest”, conseguindo fazer já de cara uma música extrema, dinâmica (as mudanças de andamento são notavelmente naturais) e com ótimas melodias, enquanto “III: Death Dimension Phantasma” injeta boas doses daquele Black Metal europeu mais caótico. “The Monolith”, como o próprio nome sugere, é uma faixa um pouco mais arrastada, lenta, que chega a transbordar de sentimentos carregados e negativos, enquanto “An Extension Of His Arm And Will” chega a esbarrar um pouco no Death Metal, em um dos momentos mais extremos e épicos em “Téras”.

“Bring Out Your Dead”, com participação do vocalist Matthias Jell (ex-Dark Fortress) remete completamente ao Black Metal norueguês da década de 90, em todos os aspectos, desde o instrumental gélido aos vocais ainda mais ríspidos vomitando letras sobre o apocalipse, enquanto “Come, Perdition” abusa das passagens épicas, lembrando em vários momentos o lado mais extremo do Viking Metal. “Invoc(H)ate”, mais uma música digna de servir de trilha sonora para o fim do mundo, tem algumas das melhores passagens para serem tocadas ao vivo, enquanto “The Dying Flame Of Existence”, apesar do peso, é praticamente um Black Metal contemplativo, cheio de mudanças e passagens interessantes ao longo dos oito minutos, que faz dela não apenas uma das faixas mais longas da carreira deles (ficando atrás apenas de “Diabolical – The Devil’s Child”, do segundo disco), como uma das suas mais completas composições.

O Naglfar sempre foi uma das bandas mais sombrias (instrumental e visualmente falando) dessa nova geração do Black Metal europeu, mais precisamente surgida no final da década de noventa, que tem o mérito de renovar completamente o estilo ao incluir passagens mais melódicas, produção cristalina, elementos orquestrais e até mesmo vocais limpos na música, o que gera a revolta nos mais conservadores, que consideram essa nova sonoridade completamente desprezível. Mentes fechadas a parte, os suecos fazem em “Téras” um trabalho estupendamente extremo, o mais agressivo, tanto na parte lírica quanto nos arranjos, comparando com seus contemporâneos, e mesmo com a sua própria discografia. E tudo isso sem perder o pé das melodias soturnas em nenhum momento, provando de uma vez por todas que uma música também pode ser catastrófica e ao mesmo tempo belíssima sem abusar de orquestrações.

01. Téras
02. Pale Horse
03. III: Death Dimension Phantasma
04. The Monolith
05. An Extension Of His Arm And Will
06. Bring Out Your Dead
07. Come, Perdition
08. Invoc(H)ate
09. The Dying Flame Of Existence

Lineup:

Kristoffer Olivius – Vocal
Marcus E. Norman – Guitarra / Baixo / Teclado
Andreas Nilsson – Guitarra

Músicos convidados:

Dirk Verbeuren – Bateria

Nota 9

Téras Naglfar

Tracklist

Lineup

Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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