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Mnemic – “Mnemesis”


Formado em um distante 1998 na Dinamarca, o Mnemic sempre seguiu os passos do Heavy Metal ascendente daquela época, em especial as mais modernas americanas e o MeloDeath sueco.

 

Chegando ao seu quinto álbum, lançado pela Nuclear Blast, depois de uma série de problemas (com a saída de três membros em 2011), eles vêm passando por uma metamorfose no som, deixando de lado a evidente influência do Fear Factory e experimentando com efeitos eletrônicos e até mesmo Rock Progressivo.

Com muito mais efeitos eletrônicos do que o normal, o Mnemic já abre o disco mostrando uma faceta mais melódica do que os seus discos anteriores. Por mais que os ótimos vocais rasgados e os riffs de tempos complexos ainda estejam lá, as vozes limpas se mostram mais presentes (não se resumem apenas ao refrão), inseridas de forma interessante nas várias (várias mesmo) mudanças de andamento de “Transcend”, despejando logo de cara a que o álbum veio. Mais distorcida e mecânica, “Valves” chega até a esbarrar na música mainstream americana de leve, demonstrando de forma definitiva o novo direcionamento dos dinamarqueses, enquanto “Junkies On The Storm” retoma a forte influência do MeloDeath sueco no som deles (em particular o Soilwork nos últimos trabalhos).

Uma óbvia escolha para ser o single, “I’ve Been You” mostra a banda mais próxima do que vem sendo feito pelas bandas americanas mais melódicas de Metalcore, inclusive com Guillaume Bideau cantando alguns trechos de forma completamente diferente do habitual (o que pode até torcer o nariz de algumas pessoas – apesar do resultado positivo), enquanto “Patter Plataform” joga o ouvinte para dentro da influência caótica do Meshuggah, em sua versão lotada de efeitos eletrônicos e camadas atmosféricas que lembrou muito os melhores momentos dos holandeses do Textures. Apesar de seguir estruturas mais simples, a faixa título “Mnemesis” consegue sair um pouco da curva do álbum por remeter aos primeiros trabalhos, além de um potencial comercial bem forte, assim como a ótima balada eletrônica “There’s No Tomorrow”, que une grandes melodias com elementos inusitados.

“Haven At The End Of The World” é uma impressionante faixa, que ao longo de menos de quarto minutes consegue explorer de formas bem interessantes a sonoridade Djent, quase irreconhecível no fim das contas, enquanto “Ocean Of Void” vai por um caminho bem diferente e relativamente inédito, com elementos de Industrial e Nu Metal. Com o excelente título, “Blue Desert In A Black Hole” é basicamente um resumo da proposta do Mnemic com esse álbum: mais tranquilo, carregado de sentimento e menos artificial, mostrando que o futuro não é algo completamente robótico e seco. E as respirações humanas ao fim da faixa dão o toque poético final nessa mensagem, enquanto os sons eletrônicos se esvaem.

Interessante como as várias bandas que surgiram no início da década passada, fortemente influenciadas pelo som industrial e mecânico de bandas americanas como o Fear Factory, tem tentado fugir da sonoridade óbvia e experimentando diversos elementos que encaixem na proposta inicial. No caso do Mnemic, desde o disco anterior “Sons Of The System” eles começaram a arriscar em terrenos inexplorados (e até um tanto quanto arriscados), e graças aos resultados positivos, com “Mnemesis” eles vão ainda mais além e não se perdem no caminho em nenhum momento. Um novo álbum de uma banda que foi quase reformulada por inteira (na proposta, nos integrantes), ampliando a sua música para um horizonte completamente novo.

Mnemesis Mnemic

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Tracklist

01. Transcend
02. Valves
03. Junkies On The Storm
04. I’ve Been You
05. Pattern Plataform
06. Mnemesis
07. There’s No Tomorrow
08. Haven At The End Of The World
09. Ocean Of Void
10. Blue Desert In A Black Hole

Lineup

Guillaume Bideau – Vocal
Mircea Gabriel Eftermie – Guitarra / Teclado
Victor-Ray Salomonsen Ronander – Guitarra
Simone Bertozzi – Baixo
Brian Larsen – Bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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