Progcast - Sua Dose Semanal de Rock Progressivo

Meshuggah – “Koloss”


Os suecos de Umeå formaram uma das bandas mais extremas, técnicas e singulares da história do Metal em 1987, misturando Death e Thrash com elementos de Prog e Jazz Fusion. Com seis álbuns na discografia, nos últimos anos eles foram desenvolvendo cada vez mais seu estilo, passando a utilizar guitarras de oito cordas (afinadas alguns tons abaixo ainda), o que elevaram seus riffs polimétricos e polirítmicos a outro nível.

Em 2012 o Meshuggah chega a “Koloss”, sétimo álbum da discografia lançado pela Nuclear Blast com aquele estilo brutalmente orgânico, visceral e groovy (isso nas palavras do baterista Tomas Haake).

“I Am Colossus” (título muito bom, diga-se de passagem) abre o disco sem alterar nem por um segundo o que é o Meshuggah na sua essência: riffs extremamente grooveados das guitarras de oito cordas e os berros tresloucados de Jens Kidman. Aparentemente sem espaço para qualquer melodia ou versos felizes, a cadência que praticamente chega a dar desespero no ouvinte continua até a introdução de “The Demon’s Name Is Surveillance”, quando os riffs rápidos e os pedais duplos passam a ditar o ritmo. Bom notar que geralmente os suecos não apostam nessas batidas mais retas (afinal de contas, o groove exageradamente quebrado é a marca registrada deles) e que a música não perdeu em nada no quesito “apocalipticamente incompreensível” aqui. “Do Not Look Down”, flertando bastante com o Death Metal tem uma das melhores letras e uma das melodias vocais mais pegajosas de toda a discografia, sendo séria candidata a clássico imediato, enquanto “Behind The Sun” choca novamente com a inclusão de arranjos acústicos e um ritmo quase Sabbathico, arrastado e soturno, com alguns dos acordes mais dissonantes do álbum.

E os suecos literalmente quebram o ritmo mais uma vez com a extrema “The Hurt That Finds You First”: um Death Metal pesadíssimo e genuíno de cair o queixo, veloz, mas ainda mantendo os tempos rítmicos fora do padrão (olhando com atenção, tem até um quê de Jazz ali). Mas o interessante é como ela vai desacelerando a partir da sua metade, encerrando-se de forma completamente diferente antes da chegada da esquisitíssima e complexa “Marrow”, que além da quebradeira é uma das poucas faixas com solos aqui. Mais dissonância saindo das guitarras dita a sonoridade de “Break Those Bones Whose Sinews Gave It Motion”, faixa mid-tempo que beira os sete minutos, com interessantes mudanças de andamento, que criam a atmosfera mais carregada do disco. Boas doses de Thrash aparecem na ótima “Swarm”, mais uma que se sobressai por seguir uma linha mais normal, enquanto “Demiurge” são seis minutos do Meshuggah na sua forma mais bruta e primordial, que abre passagem para “The Last Vigil”, faixa de encerramento do álbum. Aliás, esses acordes que se repetem ao longo de toda a música não lembram alguma música do Pink Floyd? Tentem descobrir (é MUITO parecido).

É tenso, complexo, incompreensível, quebrado, soturno, beirando o desagradável para os menos preparados. Mas ainda assim é uma música belíssima, um álbum impressionante de uma banda que podemos chamar sem medo de única. “Koloss” é uma reunião de estilos, que os suecos conseguiram incluir de forma mais do que natural na sua identidade musical, fazendo com que esse trabalho seja único também em relação aos seus próprios antecessores.

Não é um álbum que você pode ouvir fazendo outras coisas, dirigindo ou colocar pra rolar em uma festa. É algo para ligar no fone de ouvido, se concentrar e prestar atenção a cada passagem, cada riff, cada berro ensandecido, e simplesmente se deixar absorver pelo universo caótico e confuso do Meshuggah.

Koloss Meshuggah

1234

Tracklist

01. I Am Colossus
02. The Demon’s Name Is Surveillance
03. Do Not Look Down
04. Behind The Sun
05. The Hurt That Finds You First
06. Marrow
07. Break Those Bones Whose Sinews Gave It Motion
08. Swarm
09. Demiurge
10. The Last Vigil

Lineup

Jens Kidman – Vocal
Fredrik Thordendal – Guitarra
Marten Hagström – Guitarra
Dick Lövgren – Baixo
Tomas Haake – Bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *