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Mastodon – “The Hunter”


O Mastodon sempre foi conhecido como um dos queridinhos da nova safra do Metal, fazendo um som diferente do habitual que rolava na metade da década dos anos 2000, mantendo o peso, mas caminhando para um lado bem mais complexo e longe do marasmo New Metal. Isso explica o motivo de cada álbum deles agregar cada vez mais fãs, de todos os estilos, crescendo junto com a sonoridade da banda, cada vez mais modelada e inexplicável.

 

“The Hunter” ainda é o quinto álbum de estúdio da banda e tem tudo para elevá-los de vez para o status de Cult. Gravado no Doppler Studios, em Atlanta e produzido por Mike Elizondo, o álbum lançado pela RoadRunner pode ser considerado um dos mais aguardados do ano, principalmente pelos vídeos que iam sendo lançados, que já mostravam um Mastodon um pouco mais diferente do usual.

A já conhecida “Black Tongue” (afinal de contas, que não viu o vídeo do boi maluco sendo montado?) traz o Mastodon seguindo uma tendência das quais sempre deu mostra na sua discografia, que se intensificou no álbum “Crack The Skye” e está sendo explorado a fundo aqui: a forte influência Sabbathica, ótimas doses de Stoner e Psicodelia mesclados ao seu som já característico e técnico. Seguindo a mesma linha, “Curl Of The Burl” (outra que ganhou um vídeo bizarríssimo) se aprofunda ainda mais nas influências, principalmente pelos timbres escolhidos pelos caras, tanto nos instrumentos quanto na voz, assim como “Blasteroid” que lembra muito um Foo Fighters com mais (sem trocadilhos) esteróides, principalmente se compararmos com o último álbum deles, junto com alguns resquícios do Mastodon antigo. “Stargasm” (esses joguetes de palavras são demais) tem, da forma óbvia, boas doses de Space Rock pela música, criando uma ambientação ao mesmo tempo única e bizarra, ao passo que “Octopus Has No Friends” lembra novamente o Mastodon dos álbuns anteriores, mas com vocais limpos apenas. Em seguida, “All the Heavy Lifting” tem um dos melhores trabalhos vocais ever da banda, uma música bem Sabbathica e ao mesmo tempo atual, enquanto a faixa título pode ser considerada a balada do disco. Evidentemente não estamos falando de uma baladinha óbvia. Aliás, ela é tão esquisita e cheia de nuances que talvez essa classificação seja até equivocada. Em todo caso, o solo de guitarra é um dos melhores já gravados por eles.

E dá-lhe mais Black Sabbath com “Dry Bone Valley”, que traz uma forte influência da banda na sua época mais Prog, mais precisamente entre “Sabbath Bloody Sabbath” e “Never Say Die”, assim como “Thickening”, uma música que transita perdidamente (no bom sentido) entre o Rock progressivo setentista, o Stoner e o Doom. A bizarra e atmosférica “Creature Lives” é a primeira música da carreira composta e cantada pelo baterista Brann Dailor e consegue ser um ponto fora da curva em um disco que é por si só é um ponto fora da curva, um dos grandes momentos do trabalho. “Spectrelight” em seguida traz elementos mais Metal em si (um dos raros no álbum), com uma pegada mais rápida, enquanto “Bedazzled Fingernails” figura estranhamente entre Jazz e Metal e “The Sparrow” encerra o álbum de uma forma atmosférica, um belíssimo momento instrumental do disco.

Parece ser uma tendência indireta e coincidente que está acontecendo, que muitas bandas estão começando a voltar muito nas suas raízes e compondo seus álbuns focando na sujeira mais vintage, no clima e na psicodelia sessentista/setentista. E por alguma razão, nenhuma delas lançou um trabalho de qualidade duvidosa até agora, demonstrando que essas influências estão cravadas bem fundo na cabeça dos músicos, e todos são capacitados para tocar um estilo diferente daqueles que os consagraram.

O Mastodon está nesse seleto grupo, lançando um álbum que não apenas figura como um dos melhores momentos da sua história, como abre uma oportunidade para atrair toda uma nova legião de fãs, que busca esse clima roots nas bandas. Mas acima de tudo, “The Hunter” é um disco complexo, bem feito, e com um feeling impressionante.

(Nota: em uma entrevista recente, os membros da banda revelaram que o álbum tem como base o elemento “Madeira”. Não sabia aonde encaixar isso no review, então fica aqui a informação relevante… ou não)

The Hunter Mastodon

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Tracklist

01. Black Tongue
02. Curl Of The Burl
03. Blasteroid
04. Stargasm
05. Octopus Has No Friends
06. All The Heavy Lifting
07. The Hunter
08. Dry Bone Valley
09. Thickening
10. Creature Lives
11. Spectrelight
12. Bedazzled Fingernails
13. The Sparrow

Lineup

Troy Sanders – Baixo / Vocal
Brent Hinds – Guitarra / Vocal
Bill Kelliher – Guitarra / Vocal
Brann Dailor – Bateria / Vocal
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

2 respostas para “Mastodon – “The Hunter””

  1. Luccas Camilo disse:

    Olha esperei bastante esse disco, e digo uma dos melhores do ano viu.

    Otima resenha, prabens

  2. Recentemente comprei em CD esse álbum e é espetacular. E o mais impressionante é que cresce a cada audição.

    Abs.

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