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Manowar – “The Lord Of Steel”


Manowar. A extravagante banda de homens de meia idade usando couro, detentora dos recordes mundiais de show mais alto e show mais longo de Heavy Metal do mundo. Cultuado por muitos, sacaneado por outros, a banda capitaneada por Joey DeMaio chega ao 12º trabalho de estúdio em sua carreira de mais de 30 anos, depois de um tempo controverso, com longos períodos entre um trabalho e outro, megalomanias orquestrais e a patifaria de regravar o seu debut “Battle Hymns”.

“The Lord Of Steel” foi lançado primeiramente em formato digital e depois em formato físico junto com uma edição especial da revista Metal Hammer. Produzido pelo próprio Joey DeMaio, a banda tenta se afastar do clima épico e exagerado de “Gods Of War” para retornar a sonoridade clássica (pré “Louder Than Hell”). E o resultado é desastroso.

Os 13 segundos iniciais da introdução de “The Lord Of Steel” dão a impressão que vem coisa boa por aí. Porém, basta o baixo de Joey DeMaio explodir na música a partir desse momento que o nariz acaba se torcendo em um movimento não natural: não basta o volume do instrumento estar escancaradamente mais alto em relação aos outros, o timbre parece ter sido simulado em midi para algum jogo de videogame dos anos 80, como se esse maldito usasse um amplificador velho de marca duvidosa e estourado (é um dos piores timbres de baixo gravados em um álbum de Heavy Metal de todos os tempos). Se isso não é suficiente para incomodar, Eric Adams canta sem emoção e interpretação alguma (algo que ele tem feito há alguns anos, na realidade), tornando a abertura (e todo o resto do álbum) inacreditavelmente maçante e sem a força necessária. Em seguida, “Manowarriors”, além do título e da letra risível, parece ter sido composta por uma banda amadora, tamanha a mediocridade dos arranjos e da estrutura, fazendo desta uma das mais ridículas músicas da carreira do Manowar. A terceira faixa, “Born In A Grave” resgata um pouco dos momentos mais épicos e cadenciados dos últimos dois trabalhos (“Warriors Of The World” e “Gods Of War”) e tem um refrão decente pela primeira vez no disco, apesar da já citada produção fraquíssima.

Se tem um campo que o Manowar dificilmente erra é o das baladas épicas, e com “Righteous Glory” eles apenas cumprem o papel, nada exatamente memorável, soando mais como uma versão reciclada (e defeituosa) de “Swords In The Wind”, muito distante de faixas belíssimas como “Courage”, por exemplo. “Touch The Sky” traz aquele lado mais Hard Rock da banda e, tirando os refrões finais, fica no mesmo nível que o mediano “FIghting The World”. A faixa seguinte, “Black List”, traz um clima mais soturno, além de uma desnecessária introdução repetitiva de quase três minutos para uma música sem muitos atrativos, enquanto “Expendable” traz algumas ideias interessantes e é uma das poucas faixas realmente fortes do álbum a ponto de funcionar ao vivo.

“El Gringo”, assim como o personagem da letra, é uma faixa completamente fora do disco, como se fosse algo já gravado anteriormente e reaproveitado aqui. E o clima épico e os timbres mais equilibrados fazem dela a melhor faixa do álbum: direta, pesada e com o toque épico dos últimos álbuns do Manowar, tudo isso com um refrão a ser urrado a plenos pulmões. Bom, o nível volta a cair com “Annihilation”, que, comparando exageradamente, é como se o Kiss em sua fase mais farofa e não inspirada se propusesse a tocar Heavy Metal. Encerrando o álbum, “Hail, Kill And Die” faz uma brincadeira com vários títulos de músicas e álbuns da própria banda, um lirismo de nível paquidérmico mas com uma estrutura musical até interessante, sombria e épica.

Quando o Manowar lançou “Gods Of War”, muita gente reclamou que a banda estava investindo demais em excentricidades musicais e esquecendo o seu lado mais clássicos, direto, pesado e Heavy Metal até o osso dos álbuns antigos. Pois bem, o que a banda então fez? Regravou o seu debut “Battle Hymns”, excursionou, fez uma novela falando que não lançaria o novo álbum em formato físico e por fim entregam “The Lord Of Steel”. Um álbum direto? Sim. Um álbum pesado? Relativamente, podemos dizer que sim. Heavy Metal até o osso? E quando o Manowar não fez isso? A questão é: apenas esses elementos não são o suficiente.

A produção desse disco é horrível, não comparável nem aos primórdios da carreira da banda, quando os equipamentos e a verba eram muito mais limitados e precários. A guitarra está inaudível, totalmente abafada pelo baixo terrivelmente regulado de Joey DeMaio, que também encobre em vários momentos várias partes da bateria. Como se isso não fosse ruim o suficiente, temos aqui a pior performance vocal de Eric Adams: faixas cantadas sem emoção, sem interpretação, totalmente de forma burocrática, incomodamente sem variação nenhuma nem de tonalidade. Todos esses fatores acabam gerando músicas de musicalidade pobre, sem nenhum atrativo, milhares de anos-luz  abaixo de praticamente tudo que o Manowar fez durante a sua carreira, com exceção de alguns lampejos da força de outrora, como “El Gringo” e “Expendables”.

Fora isso, um item que deve ser adquirido apenas se você for realmente um Manowarrior e não quer ter um vão vazio na sua estante. Caso contrário, tenha certeza de passar longe.

01. The Lord Of Steel
02. Manowarriors
03. Born In A Grave
04.  Righteous Glory
05. Touch The Sky
06. Black List
07. Expendable
08. El Gringo
09. Annihilation
10. Hail, Kill and Die

Lineup:

Eric Adams – Vocal
Joey DeMaio – Baixo / Teclado
Karl Logan – Guitarra
Donnie Hamzik – Bateria

Nota 2

The Lord Of Steel Manowar

Tracklist

Lineup

Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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