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Linkin Park – “Living Things”


O multiplatinado californiano Linkin Park atingiu o mainstream com um impacto que não ocorria há muito tempo: a mistura de rapcore e nu metal com músicas fortemente baseadas em melodias pegajosas marcou praticamente uma geração. Mas o maior mérito deles não foi conseguir vender milhões de cópias, mas sim de evoluir gradativamente com o passar dos anos, adaptando cada vez mais elementos (inusitados ou não) a sua identidade musical.

Depois de “Meteora”, a banda se aventurou por caminhos mais obscuros e tranquilos em “Minutes To Midnight” e chegou a esbarrar no Progressivo e Post-Rock com “A Thousand Sun”. Pois bem, a promessa era que em “Living Things”, quinto álbum propriamente dito do sexteto, eles retornassem às raízes, porém, aparentemente, o produtor Rick Rubin ajudou-os novamente a ir além do que já foi feito.

Já se percebe que a banda mudou novamente a sua “linha de pensamento” quando “Lost In The Echo” inicia o álbum lotada de elementos eletrônicos, aproximando-se em muito do dubstep tão em alta nos Estados Unidos. Apesar de sutil, o prometido retorno as raízes aparece aqui com os versos rappeados de Mike Shinoda contrastando com os refrões melódicos de Chester Bennington, em uma estrutura musical simples, bem diferente do som atmosférico e melancólico dos últimos dois discos. Porém, sopros de “Minutes to Midnight” voltam em “In My Remains”, deixando claro de uma vez por todas que o grande personagem neste trabalho é Joe Hahn e as infinitas camadas de efeitos, teclados, batidas e samples que ele cria, ofuscando em alguns momentos a guitarra de Brad Delson. “Burn It Down” foi o primeiro single liberado pela banda e remete ao que a banda fez em “Meteora” (escolha acertadíssima, a propósito), enquanto “Lies Greed Misery” pode torce o nariz de muita gente que não conseguiu compreender o direcionamento do Linkin Park aqui. É uma música completamente eletrônica, cheia de edições e com um feeling bem diferente, que definitivamente leva um tempo para se acostumar.

“I’ll Be Gone” soa como um B-side de “A Thousand Suns” adaptado para a nova proposta, com aquele refrão bem longo ótimo para apresentações ao vivo, assim como a atmosférica “Castle Of Glass”, uma das melhores letras e interpretações de Shinoda em toda a discografia, apesar da simplicidade da melodia. E bom, o momento de tranquilidade acaba com “Victimized”, que em menos de dois minutos consegue transitar entre a música eletrônica, o Hardcore e o Rap de forma surpreendentemente natural, a ponto de “Roads Untraveled” começar e tudo ainda parece estar girando. A balada propriamente dita do álbum traz novamente alguns dos melhores versos que a dupla Bennington / Shinoda escreveu, diferente da confusa “Skin To Bone”, com suas linhas que parecem “vibrar”, tornando a experiência de ouvi-la muito além dos sentidos convencionais (é como se a música “saísse” pra fora dos alto-falantes e se tornasse palpável). “Until It Breaks” é aquele momento totalmente rappeado  presente em todo álbum deles, aqui de forma totalmente distorcida e com uma atmosfera relativamente bem diferente. Encerrando o álbum, “Tinfoil” abre passagem para “Powerless”, uma música excelente que remete ao terceiro trabalho e, novamente, deixa um sentimento esquisito, tirando o ouvinte gradativamente da experiência de “Living Things”, algo já feito nos discos anteriores de forma parecida.

Existem algumas bandas que acabam acompanhando a trajetória da vida de uma pessoa, ou até mesmo de uma geração inteira. Isso acontece desde sempre, independentemente qual década você tenha vivido. Essas bandas conseguem evoluir, crescer, transformar-se em ritmo parecido com o de uma pessoa (ora essa, a banda é feita por pessoas – e elas mudam também), de forma que, não importa quanto tempo passe, os caminhos parecem nunca se separar por completo. Quem começou a se interessar por música no início dos anos 2000 acompanhou de perto a febre do renegado e quase extinto Nu Metal, e com certeza foi um momento importante na “formação musical”, ainda que os gostos tenham mudado com o tempo, o que levou várias bandas desse período a simplesmente sumirem do mapa e caírem no completo esquecimento, por não terem acompanhado as mudanças no cenário musical e acabaram desmanchando-se junto com a onda.

Porém, aquelas que conseguiram se adaptar aos novos tempos ainda estão aí, no topo, e o Linkin Park é uma delas. A mudança na sonoridade, muito criticada, foi importantíssima para o sexteto manter-se firme como uma banda e como músicos (e sim, Rick Rubin tem grande responsabilidade nisso): eles se desprenderam de todas as rédeas e conseguiram explorar ao longo dos anos aquilo que eles simplesmente tiveram vontade. E eis aqui o resultado em “Living Things”, um disco diferente do que já foi feito por eles, mas ainda assim mantendo a sua forte identidade. Palmas, eles conseguiram mais uma vez.

01. Lost In The Echo
02. In My Remains
03. Burn It Down
04. Lies Greed Misery
05. I’ll Be Gone
06. Castle Of Glass
07. Victimized
08. Roads Untraveled
09. Skin To Bone
10. Until It Breaks
11. Tinfoil
12. Powerless

Lineup:

Chester Bennington – Vocal
Brad Delson – Guitarra / Sintetizadores
Rob Bourdon – Bateria
Phoenix – Baixo
Joe Hahn – Teclado / Sintetizadores / Turntable / Samples
Mike Shinoda – Vocal / Guitarra / Teclado / Piano / Sintetizadores

Nota 9

Living Things Linkin Park

Tracklist

Lineup

Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

Uma resposta para “Linkin Park – “Living Things””

  1. Marcelo disse:

    Boa review..

    Amaciou bastante o fato de "Lies Greed Misery" ser muito ruim.. kk

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