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La Maschera Di Cera – “Le Porte Del Domani”


O La Maschera Di Cera surgiu como um projeto paralelo do baixista do Finisterre, Fabio Zufanti, em 2001, com o objetivo de trazer para a atualidade a mesma proposta musical praticada pelos grandes nomes do rock progressivo italiano no seu auge, durante a década de 70. Acompanhado de outros músicos da cena local, a banda lançou, em uma década, cinco álbuns de estúdio, que lhes trouxeram a oportunidade de excursionar por toda a Europa, com clássicos como Jethro Tull, Banco Del Mutuo Soccorso e Premiata Forneria Marconi.

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Porém, a primordial referência à sonoridade dos italianos talvez seja o Le Orme, que divide com os já citados Banco e PFM o posto de maiores bandas italianas do estilo, e essa relação se torna ainda mais estreita em 2013. O motivo? A ideia do novo álbum do La Maschera Di Cera é ser uma continuação direta do disco conceitual Felona E Sorona, apresentando a sua visão sobre a continuidade da história ali tratada.

Le Porte Del Domani é uma suíte de 45 minutos, divididas em nove partes, com referências que vão desde a capa, também desenhada pelo artista Lanfranco (a exemplo do álbum do Le Orme) até o fato de ser lançado tanto com letras em italiano quanto em inglês.

Os italianos acertam em cheio ao iniciar o álbum com Ritorno Dal Nulla, pois os seus oito minutos de duração apresentam de forma eficiente tudo que está por vir a seguir, alternando entre passagens de puro progressivo sinfônico, linhas de teclado e flauta excelente montadas, sempre envoltas daquela atmosfera renascentista, que poucas vezes soou tão atual quanto aqui. E a faixa se torna ainda mais interessante com os bem encaixado vocais de Alessandro Corvaglia no clima épico criado pela combinação de sintetizadores e instrumentos de sopro, que praticamente perduram ao longo de todo o álbum. La Guerra Dei Mille Anni vai um pouco mais fundo, e é uma bonita balada pastoril acústica que cresce e adquire força gradativamente, como uma chuva se transformando em tempestade, antes da calmaria de Ritratto Di Lui, antecedendo outro momento de caos com L’enorme Abisso, uma vigorosa faixa que esbarra com prog metal e jazz de forma bem complexa.

Mais uma passagem tranquila, conduzida prioritariamente no piano, Ritratto Di Lei se prolonga para criar a base de Viaggio Metafisico, faixa que retoma a combinação de sinfônico com uma atmosfera épica e flertando levemente com o space rock, enquanto Alba Nel Tempio remete tranquilamente àquele rock progressivo mais popular, carregados de sentimento (boa parte graças ao inspirado solo de guitarra). O clima simples, construído sobre uma simples batida de violão e uma improvisada flauta dá a impressão de que a história voltou ao seu ponto inicial com Luce Sui Due Mondi, ainda mais com o seu desenvolvimento, como se o final fosse uma versão espelhada do início. Isso se torna evidente com o encerramento instrumental de Alle Porte Del Domani, resgatando o clima épico construído pelos sintetizadores, e encerrando a obra, servindo muito bem para resgatar o ouvinte de dentro da atmosfera da história.

Ao fim da audição, é subjetivo dizer se o álbum faz jus ao disco de quarenta anos atrás do Le Orme. Porém, uma coisa é inegável: o La Maschera Di Cera lançou um excelente trabalho, que cumpre de forma esplêndida a proposta de atualizar o rock progressivo italiano. Instrumental bem construído e belíssimas melodias criadas fazem de Le Porte Del Domani uma interessante obra a ser explorada, um dos mais agradáveis entre os álbuns lançado pelas bandas conterrâneas nos últimos anos, que apenas repetem à exaustão o clima renascentista da década de setenta, sem necessariamente incluir a sua própria identidade musical. Uma excelente audição, não apenas para os entusiastas de RPI, mas para qualquer apreciador de boa música.

Le Porte Del Domani La Maschera Di Cera

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Tracklist

01. Ritorno Dal Nulla
02. La Guerra Dei Mille Anni
03. Ritratto Di Lui
04. L'enorme Abisso
05. Ritratto Di Lei
06. Viaggio Metafisico
07. Alba Nel Tempio
08. Luce Sui Due Mondi
09. Alle Porte Del Domani

Lineup

Alessandro Corvaglia - vocal / guitarra / violão de 12 cordas
Mau Di Tollo - bateria / percussão / mellotron
Agostino Macor - Fender Rhodes / piano / Hammond / Crumar / mellotron / birotron / chamberlin / Mini-Moog / sintetizadores / bandolim
Andrea Monetti – flauta
Fabio Zuffanti - baixo

Martin Grice - flauta / saxofone
Laura Marsano - guitarra
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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