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Katatonia – “Dead End Kings”


Apesar de não fazer parte da primeira leva do Doom Metal britânico (a saber, Paradise Lost, Anathema e My Dying Bride) e ser uma banda sueca, o Katatonia teve uma trajetória ao longo destes mais de duas décadas muito semelhante àquelas três: passando da sonoridade arrastada, mais crua e extrema para algo mais introspectivo, sem abandonar em nenhum momento a melancolia e os sentimentos negativos inerente a música.

 

E mesmo mantendo a mesma identidade em cada álbum, os suecos sempre tentaram soar diferentes, agregando novos elementos, seja um maior peso ou efeitos eletrônicos. “Dead End Kings” é o seu aguardadíssimo nono álbum, lançado três anos depois do brutal (em vários sentidos) “Night Is The New Day” e marcando uma nova fase na banda.

Fazendo o contraponto com os trabalhos anteriores, ao invés dos sons mais eletrônicos e sintetizados a banda inicia o disco com uma música calcada em melancólicas linhas orquestrais em “The Parting”. Talvez seja redundância tratando-se do Katatonia, mas a arrastada música é belíssima e o suficiente para afogar o ouvinte sem dó nem piedade na mente perturbada que ronda todo esse álbum, e apenas um preparo para a ótima “The One You Are Looking For Is Not Here”, faixa ainda mais lenta e com participação de Silje Wergeland, atual vocalista do The Gathering. “Hypnone”, em seguida, evidencia novamente como as guitarras foram completamente jogadas para segundo plano nesse disco, deixando a tríade baixo, bateria e teclado como os personagens principais na hora de montar a atmosfera, que se torna ainda mais negativa (vejam bem, isso é bom) com a balada – não que isso seja exatamente possível no som deles – mezzo-gótica de “The Racing Heart”.

“Buildings” é um raro momento de peso absurdo, aonde os riffs chegam até a flertar com o lado mais soturno do Death Metal (explicável se considerarmos o início da carreira da banda). Exageros a parte, o tom sempre melancólico continua intacto, assim como as sempre suicidas interpretações de Jonas Renkse, que tem um dos seus melhores momentos em toda a discografia do Katatonia em “Leech” e “Ambitions”. Essa segunda, aliás, injeta alguns elementos um tanto quanto modernos no som deles, além do approach bem Progressivo nas mudanças de andamento.

E por falar em Progressivo, pelo jeito o convívio de longa data com Mikael Akerfeldt rendeu mais um fruto musical excelente em “Undo You” e o seu clima bem Opethiano (principalmente da fase “Watershed”), uma belíssima balada e diferente de basicamente tudo que o katatonia já fez. “Lethean” consegue manter o clima mesmo em um andamento acelerado, assim como em “First Prayer” e os seus riffs de tempos complexos e quebrados. A música “Dead Letters” fecha o trabalho com uma das melhores faixas do Katatonia em tempos, suas várias mudanças de andamento e melodias simplesmente desesperadoras, remetendo aos primeiros discos depois de mudarem drasticamente o seu som.

Se a discografia do Katatonia não é exatamente constituída de álbuns com sentimentos positivos e felizes, “Dead End Kings” é de longe o disco mais carregado, negativista e melancólico entre todos, talvez por deixar um pouco de lado os efeitos eletrônicos e a guitarra a frente, dois elementos principais em “The Great Cold Distance” e “Night Is The New Day”. Calmo, perturbador, fatalista, os suecos parecem mergulhar ainda mais fundo nos sentimentos da sua própria música. E quando se ouve, a impressão é que tudo ao seu redor fica extremamente esquisito e a experiência simplesmente atravessa a audição, extrapolando para os outros sentidos.

Dead End Kings Katatonia

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Tracklist

01. The Parting
02. The One You Are Looking For Is Not Here
03. Hypnone
04. The Racing Heart
05. Buildings
06. Leech
07. Ambitions
08. Undo You
09. Lethen
10. First Prayer
11. Dead Letters

Lineup

Jonas Renkse – Vocal
Anders Nyström – Guitarra
Per Eriksson – Guitarra
Niklas Sandim – Baixo
Daniel Liljekvist – Bateria
Frank Default – Teclado / Piano
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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