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In Vain – “Ænigma”


Não podemos afirmar que seja razoavelmente raro encontrar uma banda que assina com uma grande gravadora de seu nicho antes mesmo do seu primeiro álbum, mas também não seria correto dizer que nenhuma delas precisa batalhar à exaustão no underground antes de conseguir um contrato. Nesse aspecto, pode se dizer que o sexteto norueguês In Vain fez por merecer o contrato com a Indie Recordings, distribuidora que tem agregado alguns dos maiores nomes do metal escandinavo ultimamente.

In Vain

Chegando ao seu terceiro álbum de estúdio, a banda traz em Ænigma uma mudança brusca de direção, deixando um pouco de lado os elementos mais sujos ligados ao black metal e seguindo um caminho mais épico, sem deixar o extremismo de lado.

A opção por iniciar o álbum com uma faixa de sete minutos já não soa arriscada como antes, e Against The Grain cumpre de forma magistral o seu papel, com bem pensadas alternâncias vocais sobre o clima épico do instrumental transitante entre black/death metal e prog metal, com um ligeiro sentimento folk. Aliás, se fosse permitida uma comparação esdrúxula, poderíamos dizer que a sonoridade seria algo resultante de um híbrido entre Amon Amarth, Borknagar e Falconer, semelhança que se atenua ainda mais na cadenciada Image Of Time, principalmente em relação aos timbres.

Southern Shores, um daqueles interlúdios acústicos tipicamente escandinavos, cria a base melódica para a gélida Hymne til Havet, com um clima mais atmosférico devido à inserção de vocais quase ritualísticos, como se fosse uma preparação para a marcha de guerra que é Culmination of the Enigma. Times of Yore, por outro lado, segue uma linha bem característica do black com tendências viking, com direito à riffs mais arrastados e licks de guitarra que ficam em um meio termo entre Enslaved e o já citado Amon Amarth , em uma das faixas mais agressivas no álbum.

Uma das mais agressivas pois To The Core se mostra altamente influenciada pelos grandes nomes da escola americana de death metal, com direito a passagens dignas de entortar qualquer pescoço, soando bem diferente em relação ao restante do álbum, mas ainda dentro da proposta, já que ela se transforma completamente, com a intervenção de inesperadas melodias. Como é de se esperar pelo título, Floating On The Murmuring Tide consegue transmitir de forma perfeita o tema da letra, indo da agonia ao desespero em questão de segundos, em uma das faixas mais completas da banda, justificando os seus nove minutos de duração e a responsabilidade de encerrar o álbum.

O equilíbrio que o In Vain atingiu em Ænigma está em um patamar que muitas bandas extremas, mesmo as mais experientes, almejam e nem sempre encontram, no que se trata em mensurar várias influências sem perder a sua identidade musical. E mesmo se tratando de um disco black metal (ou talvez nem tanto), e talvez não sendo o disco mais inovador do estilo, a audição aqui proporcionada é belíssima e agradável, um sentimento épico e emocional personificado de diversas maneiras graças às várias camadas de voz, o que garante aos noruegueses, facilmente, um lugar entre os melhores álbuns lançados até agora em 2013.

Ænigma In Vain

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Tracklist

01. Against The Grain
02. Image Of Time
03. Southern Shores
04. Hymne til Havet
05. Culmination of the Enigma
06. Times Of Yore
07. To The Core
08. Floating on the Murmuring Tide

Lineup

Johnar Haaland - guitarra / vocal
Sindre Nedland - vocal / órgão / piano
Andreas Frigstad – vocal
Stig Reinhardtsen – bacteria
Kjetil D. Pedersen - guitarra / vocal
K. Wikstøl - vocal / baixo
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

Uma resposta para “In Vain – “Ænigma””

  1. Hugo Borges disse:

    Comparável ao Ne Obliviscaris, que albúm foda cara, muito foda!

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