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Humble Grumble – “Flanders Fields”


Formado por músicos belgas da cena Folk e Jazz da Bélgica (a questão é: “EXISTE uma cena Folk e Jazz belga desde quando?”), o Humble Grumble surgiu em 1996 misturando esses estilos ao Rock e ao Prog, chegando ao seu primeiro trabalho autoral só em 2008 com “The Face Of Humble Grumble”.

Três anos depois, eles lançam “Flanders Fields”, continuando com o Rock experimental, altamente groovy, jazzístico e um ecletismo que faz jus ao título de o grupo musical mais dinâmico da Bélgica em mais de uma década.

O clima criado pela instrumental “Syrens Dance” já abre o disco mostrando os ótimos improvisos e a riqueza musical da banda, com destaque absoluto para as dobradinhas de guitarra com instrumentos de sopro, mostrando que definitivamente não existe espaço para músicas “down” aqui. “Aging Backwards” vem logo em seguida, com menos doses de psicodelia e trazendo um híbrido do que seria o Jazz Fusion Rock com passagens teatrais, enquanto a faixa título coloca novamente à frente os instrumentos de sopro, criando uma atmosfera árcade/folk única, mesmo nas partes mais pesadas (por assim dizer). Falando em ótimos arranjos, “Sleepless Nights” é um bem construído Jazz, do tipo mais introspectivo, cheio de improvisos que transportam o ouvinte direto para algum bar esfumaçado no submundo, enquanto “Horny”, apesar de aparentemente bobinha, cria a ponte perfeita para “Little Bird”, confusa e sem sentido a primeira vista, é uma composição riquíssima, em detalhes, arranjos e combinações instrumentais.

“Duck On A Walk”, mais “simples” na sua estrutura remete novamente ao Progressivo setentista mais experimental (sem chegar ao nível Canterbury, ainda), algo que “The Greatest Kick Of The Day” também se propõe a fazer, de forma até mais acessível (diga-se de passagem, o groove do baixo é espetacular). Em seguida, “Never Lose Your Mind” é mais um momento tipicamente clássica, sem muito compromisso, o clima teatral que ela cria impressiona novamente, assim como as faixas que encerram o álbum: “Love Song” e “Purple Frog”. A primeira, apesar da introdução que mais parece uma Jam, é a melhor balada do disco e a última… bem… a última é simplesmente uma aula de rítmica. E bastam alguns segundos para perceber isso.

“Flanders Fields” definitivamente não é um álbum de fácil digestão: a quantidade de detalhes que esses belgas encaixam de maneira milimétrica em suas composições tornam a audição do disco algo singular, como assistir um filme por várias vezes e cada vez pegar um detalhe até então despercebido. Há espaço para um álbum assim no mercado multimilionário musical atual? Evidentemente não, e é um trabalho por demais bem feito para ser deixado para trás, principalmente para os fãs do Progressivo mais livre e sem fronteiras da década de 70.

Flanders Fields Humble Grumble

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Tracklist

01. Syrens Dance
02. Aging Backwards
03. Flanders Fields
04. Sleepless Night
05. Horny
06. Little Bird
07. Duck On A Walk
08. The Greatest Kick Of The Day
09. Never Lose Your Mind
10. Love Song
11. Purple Frog

Lineup

Abor Humble Vörös – Vocal / Guitarra
Jouni Isoherranen – Baixo
Jonathan Callens – Bateria
Pol Mareen – Saxofone
Pedro Guridi – Clarineta
Pieter Claus – Marimba / Vibrafone / Percussão

Músicos convidados:

Lisa Jordens – Vocal (faixas 3, 5, 6, 7 e 8)
Hanneke Osterlijnck – Vocal (faixas 3 e 6)
Joriska Vanhaelewyn – Vocal (faixa 2)
Juan Carlos Torres Iturra – Vocal (em espanhol na faixa 5)
Leika Mochan – Vocal (faixa 9)
Megan Quill – Vocal (faixas 9 e 10)
Franciska Roose – Vocal (faixas 9 e 10)
Attila Czigany – Gaita
Joris Buysse – Flauta
Fre Vandaele – Whistle
Wouter Vandenabeele – Violino
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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