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Gorod – “A Perfect Absolution”


Na ativa desde 1997, quando ainda era conhecido pelo nome de Gorgasm, os franceses do Gorod vêm crescendo a passos largos dentro da música extrema graças ao seu Technical Death Metal com boas doses de Progressivo, que além de uma musicalidade impressionante, consegue flertar naturalmente com outros estilos. Apesar de dois notáveis álbuns, foi graças a “Process Of A New Decline” que a banda realmente chamou atenção da crítica e público, chegando a excursionar pela Europa com outros grandes nomes do Death Metal.

Após o EP experimental “Transcendence”, que trazia releituras acústicas de faixas antigas, um cover da banda Cynic e uma epopeia de 15 minutos, o quinteto volta ao estúdio com o produtor Frederic Motte para iniciar as gravações de “A Perfect Absolution”, um disco que tem o intuito de elevar as composições do Gorod a um outro nível, com mais melodias, combinando elementos do Progressivo com a brutalidade dos primeiros registros.

A introdução épica e quase desafinada de “The Call To Redemption” chegam a enganar, já que a violência com que “Birds Of Sulphur” começa é o suficiente para derrubar os menos atenciosos: dotada de riffs extremos e melodias improváveis (com direito a um solo carregadíssimo de feeling) é possível perceber o direcionamento um pouco mais harmonioso que eles se propuseram a fazer. “Sailing Into The Earth” chega a esbarrar no Deathcore tipicamente americano em diversos momentos, em boa parte graças aos vocais gravíssimos de Julien Deyres. Com “Elements And Spirit”, o Gorod se aproxima em muito a uma versão mais brutal dos seus conterrâneos do Gojira, com resultados excelentes que tiram-nos ainda mais da sua zona de conforto e com certeza algo a ser desenvolvido ainda mais para os próximos trabalhos. Esses elementos também aparecem em “The Axe Of God”, uma faixa fortemente influenciada pelo Death Metal clássico americano, com mudanças de andamento nervosas e repentinas.

Depois de quase dois minutos criando a atmosfera necessária, a cadenciada “5000 At The Funeral” com um clima épico bem encaixado em meio ao andamento meio esquisito da faixa, enquanto “Carved In The Wind” volta a apostar em momentos mais melódicos (considere aqui dentro do estilo extremo), flertando em vários momentos com Metalcore e Prog Metal de forma natural. “Varangian Paradise” segue a mesma linha de pensamento, porém com uma identidade Prog ainda mais realçada, com passagens técnicas que apenas a música extrema consegue proporcionar. O interlúdio meio “latino” da faixa comprova novamente a despretensão dos franceses em ficarem presos a apenas um tipo de música, ainda que todas as suas experimentações estejam dentro do campo mais agressivo do Metal. O disco se encerra com “Tribute Of Blood”, uma faixa que deixa uma impressão no ar que muita coisa ficou em aberto para os próximos trabalhos (não que isso diminua a qualidade do que foi apresentado aqui, mas o próximo passo parece ser natural, em busca de algo ainda maior).

“A Perfect Absolution” pode ser encarado como um disco de passagem, como se a banda ainda estivesse dando alguns passos tímidos em direção a uma sonoridade diferente, mais musical, sem abandonar as suas raízes na música extrema. Eles conseguem inserir sutis toques ao longo de cada música que imediatamente chamam a atenção do ouvinte: a princípio soam um tanto quanto deslocadas, mas ao entender como elas são construídas e estruturadas nas composições é possível perceber o cuidadoso processo no qual o álbum foi composto.

Aparentemente, o Gorod está evoluindo para se tornar um dos grandes nomes do Metal francês, e eis aqui um trecho importante do caminho.

A Perfect Absolution Gorod

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Tracklist

01. The Call To Redemption
02. Birds Of Sulphur
03. Sailing Into The Earth
04. Elements And Spirit
05. The Axe Of God
06. 5000 At The Funeral
07. Carved In The Wind
08. Varangian Paradise
09. Tribute Of Blood

Lineup

Julien "Nutz" Deyres – Vocal
Nicolas Alberny – Guitarra
Mathieu Pascal – Guitarra
Benoit Claus – Baixo
Samuel Santiago – Bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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