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Foreigner – “Can’t Slow Down… When It’s Live!”


Apesar de não tão conhecido assim no Brasil (pelo menos pelo grande público), a banda anglo-americana formada em 1976 por Mick Jones, Ian McDonald (Ex-King Crimson!) e Lou Gramm emplacou vários hits radiofônicos no seu período de maior criatividade entre o final da década de 70 e o começo da de 80, vendendo muito mais de 70 milhões de álbuns (isso mesmo!).

Depois de 15 anos desde “Mr Moonlight”, Jones reformulou basicamente que por completo a banda e lançou “Can’t Slow Down” em 2009, um disco que conseguiu trazer a banda de volta para o público, e o mais importante, atualizando o som clássico da banda. E foi durante a turnê de divulgação desse novo álbum que eles gravaram “Can’t Slow Down… When It’s Live”, ao vivo no Ryman Auditorium, em Nashville, Tennessee, no dia 16 de Março do ano passado, registrando para eternidade esse novo momento que a banda passa.

Sem muita enrolação, “Double Vision”, faixa título do segundo e multi-platinado álbum da banda, abre o show com um Hardão/AOR bem melódico e bem empolgante, em uma belíssima versão graças à voz do novo vocalista Kelly Hansen (com seus trejeitos meio Steven Tyler), deixando-a com um pé nos anos 70 e outro no atual. E o mesmo acontece em seguida com “Head Games”, mais um single saído do álbum de mesmo nome de 1979, onde os teclados de Michael Bluestein fazem a dobrada perfeita com as guitarras do já tiozinho-jovenzinho Mick Jones, um dos grandes guitarristas que ainda conseguem manter um feeling bem bluesy nos solos e nos riffs. “Cold As Ice” logo depois é uma bonita balada saída do debut do Foreigner, conduzida basicamente pelo piano, onde Hansen se destaca novamente, junto com o ótimo jogo de vozes feito pelos backings (fora o solo de órgão dessa música que é um absurdo por si só) O ritmo continua bem melódico com “In Pieces”, primeira música do set saída do mais recente álbum da banda “Can’t Slow Down”, algo estranho se considerarmos que essa turnê é para divulgá-lo. Mas enfim, considerações ranzinzas a parte, a música novamente tem o mérito de ter o sentimento do AOR mais roots e uma pegada melódica bem atualizada, daquele tipo que gruda na sua memória imediatamente, assim como o clássico “Blue Morning, Blue Day”, mais uma revisão muitíssimo bem feita pela formação atual.

A bonita baladinha piegas tipicamente anos 80 “Waiting For A Girl Like You” traz de novo a voz de Hansen como destaque, enquanto “When It Comes To Love” traz um ótimo arranjo de sax de Tom Gimbel (nos fazendo lembrar instantaneamente de Kenny G) em uma música de forte apelo pop, com melodias vocais pegajosas como devem ser. A agitação só volta mesmo com “Dirty White Boy”, um Rock n’ Roll mais agitado com uma forte pegada Hard setentista, mais uma tirada do álbum “Head Games”. O primeiro disco encerra com a atmosférica e muito Prog “Starrider”, cantada por Mick Jones, originalmente gravada no disco de estréia da banda, lá em 1977. Impressionante como ela ainda consegue prender o ouvinte, mesmo saindo um pouco da proposta das outras músicas do show.

O segundo disco retoma com “Feels Like The FIrst Time”, faixa de abertura do primeiro álbum deles (de novo!), mais um clássico absoluto com uma ótima participação da platéia, cantando junto todas as partes, se empolgando mais ainda com “Urgent” e a sua dobradinha de guitarra e sax muito interessante, resultando em um Hard daqueles bem dançantes, assim como o mega clássico (e uma das favoritas dos fãs) “Juke Box Hero” que inteligentemente emenda com “Whole Lotta Love”, que eu imagino não precisar falar de quem seja certo? Segue-se o show com “Long, Long Way From Home”, mais um grande momento de mistura de Rock com Saxofone e a balada “I Want To Know What Love Is”, primeira e única música do show fora do eixo dos quatro primeiros álbuns (ela é do álbum “Agent Provocateur”, de 84). Uma música tipicamente oitentista, que já se imagina que o vídeo tenha um blur, caras de ternos e mullets, e um grande momento da apresentação, com a galera cantando em peso. A apresentação no Tennessee fecha com “Hot Blooded”, música de abertura do álbum “Double Vision” (impossível não comparar com uma mistura entre KISS e ZZ Top), com o ritmo lá em cima, como um bom show de Hard deve terminar. Além de tudo, no final ainda tem uma versão de “Can’t Slow Down”, faixa título do último álbum deles gravada no Rock Of Ages Festival na Alemanha, mostrando que mesmo depois do longo hiato e com a formação renovada, eles são capazes de compor ótimos AOR e fazer shows absurdamente agitados.

Apesar de o Foreigner ter sofrido o clássico desanimo das bandas de Hard entre o final dos anos 80 e a década de 90, e ter ficado parado por mais de 10 anos, a volta com o disco “Can’t Slow Down” mostra uma banda (leia-se Mick Jones) ainda empolgada, criativa, capaz de resgatar muito do sentimento da época que os consagraram. “Can’t Slow Down… When It’s Live” é um ótimo disco ao vivo, com um set escolhido a dedo (infelizmente focando apenas nos trabalhos clássicos da década de 70, deixando bons momentos de outros álbuns de fora) onde o ritmo não cai um segundo. O line-up atual do Foreigner inclusive é incrivelmente competente, com destaque absoluto para Kelly Hansen, que consegue encaixar os vocais muito bem nas músicas antigas e dando sua identidade própria no negócio.

Item recomendadíssimo para fãs de Hard Rock e AOR.

Disco 1

01. Double Vision
02. Head Games
03. Cold As Ice
04. In Pieces
05. Blue Morning, Blue Day
06. Waiting For A Girl Like You
07. When It Comes To Love
08. Dirty White Boy
09. Starrider

Disco 2

01. Feels Like The First Time
02. Urgent
03. Juke Box Hero
04. Long, Long Way From Home
05. I Want To Know What Love Is
06. Hot Blooded
07. Can’t Slow Down

Line-up

Mick Jones – Guitarra
Kelly Hansen – Vocal
Jeff Pilson – Baixo
Tom Gimbel – Guitarra / Saxofone / Flauta
Brian Tichy – Bateria
Michael Bluestein – Teclado
*Jason Sutter – Bateria em “Can’t Slow Down”

Nota 8

Lançamento Foreigner – “Can’t Slow Down… When It’s Live!” Hellion Records.

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Can’t Slow Down… When It’s Live! Foreigner

Tracklist

Lineup

Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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