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Fear Factory – “The Industrialist”


Uma das bandas mais icônicas do Metal americano durante a década de 90, o Fear Factory conseguiu desenvolver uma identidade musical única, misturando riffs absurdamente pesados e secos com atmosferas futuristas e robóticas, desde o seu clássico debut “Soul Of A New Machine”.

 

Apesar de uma história conturbada, aparentemente dessa vez Burton C. Bell e Dino Cazares conseguiram se entender e manter uma sucessão de shows e lançamentos regulares nos últimos anos. “The Industrialist” é o nono disco de estúdio da banda, pela primeira vez sem um baterista de verdade, o que torna tudo ainda mais mecânico.

E esse clima robótico, artificial e pós-apocalíptico cria a base atmosférica para o álbum com “The Industrialist”, que abre o disco da forma já esperada: riffs secos, quebrados e em ritmos praticamente programados (é impressionante como a execução realmente deixa a impressão de ter sido feita por uma máquina). Mesmo não fugindo nem um pouco da identidade musical do Fear Factory de sempre e a faixa cumprir o seu papel, falta um pouco de melodia, o que torna os seis minutos de abertura um tanto quanto longos demais. “Recharger”, porém, consegue mudar isso e trazer boas mudanças de andamento (não a toa foi o primeiro single do álbum), remetendo aos melhores momentos da banda nos trabalhos anteriores, assim como a Thrashy “New Messiah”, praticamente uma ode ao Metal americano da década de 90 (cenário no qual o próprio Fear Factory está inserido). Completamente esquisita, “God Eater” fica no meio termo entre o Industrial e o eletrônico, extremamente distorcido e bem fora de contexto no disco, que retoma um pouco o nível com a grooveada “Depraved Mund Murder”, mesmo ela também caindo na mesma sina da faixa de abertura em vários momentos.

Apesar do clima interessante de “Virus Of Faith”, aparentemente ela parece ter sido feita na base de vários pedaços de composições soltas, de forma que a alternância de riffs ao longo da música deixa uma esquisita sensação de que algo está errado, bem diferente de “Difference Engine” e o seu flerte muito bem encaixado com música eletrônica, com resultados caoticamente positivos. Esse clima continua muito bem executado em “Disassemble” e a influência de Death Metal nos ótimos riffs que Dino Cazares despeja aqui sem dó, antes do interlúdio “Religion Is Flawed Because Man Is Flawed” e “Human Augmentation”, que encerra o disco com nove minutos de sons mecânicos, vozes robóticas, efeitos distorcidos, como se uma máquina gigantesca estivesse dando os últimos passos antes de se desligar. Uma versão extremamente perturbadora, como se o Fear Factory estivesse experimentando uma sonoridade Post Rock, deixando um clima de estranheza no fim do álbum.

“The Industrialist” é um disco que oscila bastante ao longo de suas músicas, em parte graças às melodias vocais, que não soam tão inspiradas como nos trabalhos anteriores, bem como a excessiva falta de humanidade na bateria programada, extremamente reta, sem mudanças ou qualquer variação de pegada. Evidente, algumas faixas se destacam, como “Recharger” e “The New Messiah”, enquanto outras não parecem ter força suficiente para serem lembradas até o próximo lançamento e nem figurarem no set-list da banda ao vivo.

A impressão é que o Fear Factory neste álbum está tão automatizado e artificial que acabou esquecendo por diversos momentos de um elemento humano importantíssimo, que é o sentimento.

The Industrialist Fear Factory

12

Tracklist

01. The Industrialist
02. Recharger
03. New Messiah
04. God Eater
05. Depraved Mind Murder
06. Virus Of Faith
07. Difference Engine
08. Disassemble
09. Religion Is Flawed Because Man Is Flawed
10. Human Augmentation

Lineup

Burton C. Bell – Vocal
Dino Cazares – Guitarra / Baixo
Damian Rainaud – Teclados
Joey Blush – Teclados
Rhys Fulber – Efeitos eletrônicos
John Sankey – Bateria programada
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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