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Dynahead – “Chordata I”


Um dos mais complexos nomes do heavy metal nacional atualmente, os brasilienses do Dynahead apresentaram uma identidade musical extremamente interessante e singular desde o seu primeiro trabalho, Antigen, de 2008, e vem gradativamente desenvolvendo-a ainda mais, como pode ser conferido no segundo álbum, Youniverse, de 2011.

Dynahead

E eles se preparam para dar mais um importante passo com o lançamento de Chordata I, primeira de duas partes conceituais sobre o surgimento da vida, focando nos seus aspectos biológicos. Novamente produzido pelo próprio vocalista Caio Duarte no BroadBand Studio, em Brasília, a obra completa já foi inteiramente gravada, e a sua conclusão será lançada em 2014, exatamente um ano depois da primeira parte.

A sensação de vazio da introdução de Abiogenesis lentamente se desenvolve a um instrumental intrincado e complexo, beirando o caótico (e graças ao tema lírico, é impossível não imaginar aquelas cenas de documentários de células se multiplicando e o tempo passando enquanto a música se desenvolve) e alternando o andamento até Bred Patterns, que oscila entre a quebradeira de riffs tipicamente mathcore e momentos aonde as texturas criadas pelas guitarras criam a ambientação quase flutuante.

E por falar em complexidade rítmica, Collective Skin tem um notável trabalho de percussão aliado a forte influencia do thrash metal mais moderno e repleto de passagens com um pé no mais viajante jazz, em especial o trecho instrumental que a encerra, enquanto Dawn Mirrored In Me transita de forma relativamente natural entre ritmos mediterrâneos, death metal, industrial e, porque não, um sutil toque pop.

A balada Echoes of the Waves funciona bem como um momento de tranquilidade, para amenizar os efeitos de confusão proporcionados pelas faixas anteriores e preparar para os que estão por vir na segunda parte do álbum, a iniciar por Foster, a mais direta e homogênea em Chordata I, e a melódica Growing in Veins, aonde é possível ouvir a influências das bandas de prog metal americanas em meio às, novamente, incontáveis mudanças ao longo dos seus cinco minutos.

Hallowed Engine, mais um destaque imediato do álbum, caminha entre batidas ritmadas e monótonas de uma máquina, sob uma sonoridade que lembra vagamente o Opeth, e diversos toques de música brasileira, bem diferente da tranquila Inevitable, responsável por encerrar a primeira parte de Chordata e deixar uma ponta solta para fazer a ligação com a sua continuação.

Mesmo com um disco bem mais leve em relação aos anteriores, o Dynahead segue como uma das bandas mais complexas e de difícil compreensão do cenário heavy metal brasileiro, tanto instrumental quanto liricamente, principais pontos onde estão o seu diferencial. Chordata I tem detalhes que levam diversas audições para serem percebidos e compreendidos o porquê de estarem ali, e exatamente por isso a segunda parte do álbum se torna ainda mais aguardada.

Mais uma prova de que, mesmo com o mercado nacional ainda entupido de bandas que insistem apenas em repetir fórmulas ao invés de olhar para frente e criar algo diferente, alguns nomes continuam a se sobressair e encarar a música de outro modo.

Chordata I Dynahead

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Tracklist

01. Abiogenesis
02. Bred Patterns
03. Collective Skin
04. Dawn Mirrored In Me
05. Echoes of the Waves
06. Foster
07. Growing In Veins
08. Hallowed Engine
09. Inevitable

Lineup

Caio Duarte – vocal / teclado / bateria
Diogo Mafra – guitarra
Pablo Vilela – guitarra
Diego Teixeira – baixo
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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