Progcast - Sua Dose Semanal de Rock Progressivo

Big Big Train – “English Electric (Part Two)”


Um dos mais ascendentes nomes do rock progressivo dos últimos anos, o Big Big Train na realidade foi formado em um distante 1990, e entre diversas dificuldades em mais de duas décadas em atividade, gradativamente foi montando uma discografia interessante, por mais distante que ainda estivesse de um grande público.

Big Big Train - English Electric (Part Two)

Porém, em 2012, com o lançamento de English Electric (Part One), o grupo liderado por David Longdon e Greg Spawton deu mais um importantíssimo passo graças a um dos discos mais interessantes e unanimemente elogiados do rock progressivo nos últimos anos. E exatamente por isso, a conclusão da história, em 2013, invariavelmente se tornou um dos mais aguardados trabalhos do ano.

East Coast Racer, com quase dezesseis minutos de duração, é a responsável por fazer o inevitável elo de ligação entre as duas partes da obra, e apesar de um início mais contido, apresenta um crescendo bem interessante, tanto lírico quanto instrumental. Importante notar que mesmo demorando um pouco para atingir o clímax, a faixa soa como rock progressivo inglês até o osso, agregando diversos elementos clássicos, mas com uma roupagem completamente atualizada.

Com o mesmo espírito já apresentado ao longo dos últimos trabalhos, Swan Hunter é uma música simples, de melodias fáceis e um ligeiro sentimento nostálgico, que torna muito fácil mentalizar o que está sendo cantado. Worked Out sai um pouco do clima pastoril da música anterior, e em alguns momentos lembra o rock progressivo no seu limiar entre as décadas de setenta e oitenta, porém sem descambar para a farofagem exagerada de um arena rock.

Retomando os caminhos mais simples, sutis toques de folk embalam a quase infantil Leopards, enquanto Keeper of Abbeys, de ritmo mais acelerado, volta ao espírito melancolicamente inglês, alternando entre típicas passagens instrumentais setentistas, em seus formatos mais sóbrios e atmosféricos. Invariavelmente, esse direcionamento se repete na tranquilidade em The Permanent Way, que parece alongar-se demais até Curator of Butterflies, uma belíssima balada com desenvolvimento muito similar à faixa de abertura, deixando uma sensação de encerramento, o que se encaixa perfeitamente para fechar essa jornada que o Big Big Train atravessou nos dois últimos álbuns.

E é inevitável comparar o que foi apresentado na primeira parte com English Electric (Part Two), e talvez isso até acabe por prejudicar um pouco a audição desse disco. Apesar de claramente todas as músicas serem fruto de uma mesma fase, o mesmo direcionamento e os mesmos conceitos, o anterior não esteve cercado de inacreditavelmente altas expectativas, nem a responsabilidade de suceder um dos grandes trabalhos do ano passado. E analisando separadamente, as músicas que fazem parte de English Electric (Part One) soam mais equilibradas, com um acento razoavelmente mais acessível, e, a tendência nesse segundo capítulo se mantém praticamente intacta.

Porém, é notável que, mesmo contanto com ótimas e belíssimas peças, o suficiente para liderar diversas listas de grandes álbuns de 2013 dentro do estilo, o novo álbum soa um tanto quanto homogêneo em alguns momentos, principalmente pela pouca variação de timbres instrumentais e pelo fato de apresentar estruturas muito parecidas de uma música pra outra. Nada que atrapalhe de forma considerável a audição, mas como dito ali em cima, a responsabilidade colocada em cima desse álbum era enorme.

E ele responde de forma positiva na maioria de seus aspectos. Mas não em todos.

English Electric (Part Two) Big Big Train

1234

Tracklist

01. East Coast Racer
02. Swan Hunter
03. Worked Out
04. Leopards
05. Keeper of Abbeys
06. The Permanent Way
07. Curator of Butterflies

Lineup

Andy Poole – baixo / teclado
Greg Spawton – guitarra / teclado
David Longdon – vocal / flauta / glockenspiel
Nick D’Virgilio – bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *