Progcast - Sua Dose Semanal de Rock Progressivo

Anciients – “Heart of Oak”


Em comparação com outros países, o Canadá nunca foi uma terra famosa por revelar grandes nomes do heavy metal, apesar de ter um cenário underground riquíssimo. E o Anciients é o novo fruto vindo da terra do hóquei.

Anciients-Heart-of-Oak-Small

Apenas com um ep lançado, o quarteto despertou o interesse de grandes gravadoras do cenário, graças a sua forte presença musical, que basicamente reúne de forma equilibrada alguns dos mais relevantes nomes da música atual. Uma fórmula que soa ainda mais aprimorada no seu álbum de estreia, Heart of Oak, lançado pela Season of Mist, em abril de 2013.

A faixa de abertura Raise The Sun serve como uma excelente coleção representativa da identidade sonora do Ancients, indo de passagens climáticas quase campestres até elementos de metal extremo, passando por riffs que beiram o stoner ou flertam levemente com o folk, o sludge e o jazz, com uma criatividade vocal que se destaca imediatamente da versatilidade instrumental. Overthronre, a música seguinte, vai pra um lado mais espacial, lembrando um pouco os momentos mais ácidos do Mastodon, sem soar como uma mera cópia, e trazendo uma série de alternâncias que não deixam a faixa aparentemente longa cair na banalidade.

Principalmente pelo fato de que a banda despeja músicas longas depois de músicas longas (relativo, mas elas ficam na média de 7 a 8 minutos), as constantes mudanças e a oscilação com diversos estilos auxilia na audição, como pode ser ouvido em Falling In Line, uma faixa mais agressiva e carregada de sujeira, próxima ao sludge da década passada. The Longest River, em seguida, vai ainda mais longe e traz uma série de momentos que podem ser encarados como hard rock e até mesmo power metal, dentro do que já foi construído nas faixas anteriores.

Após o curto interlúdio acústico One Foot in The Light, a cadenciada Giants traz algumas das mais apelativas melodias no álbum, seja em um ritmo quase heavy rock ou em um arrastado e mórbido doom metal, enquanto Faith And Oath chega até a trazer um pouco do que o Iced Earth fez nos últimos álbuns, mais épicos, e ao seu modo, tem um quê de heavy metal mais tradicional, e acerta na simplicidade. Flood and Fire, porém, inegavelmente se baseia novamente no sludge do quarteto de Atlanta e soa como uma música de passagem e um interessante clímax antes da instrumental For Lisa, responsável pelo encerramento do álbum com uma viajante e etérea balada cheia de ruídos.

Não bastasse a mais de uma hora de álbum, a versão em digipack traz como bônus as faixas Humanist e Built To Die, presentes no primeiro EP da banda, em seu formato original (a diferença de produção PE mais do que evidente), entregando em um produto só tudo o que já foi lançado pela banda – um ponto mais do que positivo.

Se Heart of Oak precisasse ser definido de uma forma simplista, sem dúvida ele pode ser considerado o novo passo para o metal progressivo. Mais experimentos, incluindo elementos que enaltecem o sentimento de cada música ao invés do exibicionismo barato, com temas (ainda mais) metafóricos e subjetivos. As tímidas partes de metal extremo acrescentam em muito à sonoridade do Anciients, fazendo com que eles não soem apenas como uma reciclagem de suas influências, mas um híbrido delas, de forma que não seria exagero dizer que os canadenses pegaram as melhores características de banda como Opeth, Mastodon e Baroness, e juntaram em apenas uma coisa só, sem deixar de lado, claro, as bandas mais clássicas do heavy metal.

O que isso resulta? Um dos melhores discos de estreia da história, e definitivamente um dos melhores álbuns de 2013.

Heart of Oak Anciients

12345

Tracklist

01. Raise The Sun
02. Overthrone
03. Falling In Line
04. The Longest River
05. One Foot in The Light
06. Giants
07. Faith And Oath
08. Flood And Fire
09. For Lisa

10. Humanist
11. Built To Die

Lineup

Chris Dyck – vocal / guitarra
Kenneth Paul Cook – vocal / guitarra
Aaron Gustafson – baixo
Mike Hannay – bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *