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Anathema – “Weather Systems”


O Anathema iniciou suas atividades como uma banda pioneira do Doom Metal inglês, integrando a tríade clássica do estilo junto com o My Dying Bride e Paradise Lost. Invariavelmente, cada um deles seguiu um rumo diferente, e sem sombra de dúvida, quase vinte anos depois do seu álbum de estreia “Serenades”, a banda dos irmãos Cavanagh é a que mais se distanciou da proposta inicial.

E isso é algo ruim? De maneira nenhuma, pois o Atmospheric Rock, com generosas e bem encaixadas de Post Rock, Progressivo, Art Rock e Pop criou simplesmente uma sonoridade única, belíssima, carregada no sentimento e totalmente introspectiva. E em “Weather Systems”, nono disco da carreira, os ingleses conseguem reunir os mais diversos elementos na sua fórmula, com uma execução basicamente perfeita.

Os belíssimos acordes acústicos de “Untouchable Part 1” se repetem ao longo de toda a música, que já de cara mostra um Anathema um pouco menos atmosférico e Post-Rock, se comparado com “We’re Here Because We’re Here”, mas colocando um pé no Pop britânico e ainda totalmente imerso na beleza dos arranjos e das melodias características da banda (quando a voz de Lee Douglas entra você simplesmente chega a sentir um frio na espinha). Conduzida no piano, “Untouchable Part 2” tem um crescendo de arranjos incrível, aonde cada elemento vai sendo adicionado aos poucos, com destaque para as partes dobradas em que Vincent Cavanagh e Lee Douglas cantam ao mesmo tempo. E esses vocais roubam a cena novamente em “The Gathering Of The Clouds”, aonde a banda se utiliza desse artifício de forma completamente diferente, com cada voz fazendo um ponto e um ritmo, mesclando os versos ao longo de toda a curta faixa, que já emenda com “Lightning Song” e uma das letras mais positivas e otimistas da carreira dos ingleses, cantada inteiramente pelo vocal feminino, um ponto fora da curva que trouxe muito para o som deles.

Sem erros, a balada “Sunlight” consegue crescer gradativamente, gerando instrumentalmente uma expectativa natural de forma que você fica preso a ela desde os primeiros segundos da música até o seu levante nos últimos segundos. Sensação parecida pode ser percebida na longa “The Storm Before The Calm”, que traz bons efeitos eletrônicos (lembrando os momentos mais calmos do Katatonia em algumas partes) e soa como uma versão cheia de ruídos do que a banda fez no álbum anterior, até a metade, quando muda completamente e retoma o esquema piano/violão, de forma completamente diferente (ao analisar a letra e o título da música você percebe como cada detalhe foi minimamente pensado). A exemplo da primeira faixa, “The Beginning And The End” tem uma linha principal de teclado que serve como base para todo o desenvolvimento da música, provando de uma vez por todas que a simplicidade nos arranjos muitas vezes consegue atingir resultados muito mais satisfatórios do que arriscar uma inovação não calculada devidamente. E mesmo na hora de tentar composições mais complexas o Anathema não perde a mão, como em “The Lost Child”, música de belos arranjos orquestrais e tempos complexos. Encerrando o disco, “Internal Landscapes” remete novamente a aos grandes momentos de “We’re Here Because We’re Here” (principalmente à ótima “Dreaming Light”), mostrando como experimentar ainda mais com o direcionamento atmosférico foi um importante momento na carreira dos ingleses.

É até complicado falar sobre “Weather Systems”. Assim como muitas bandas de Progressivo tem feito em 2012 (em especial, o Soen), o direcionamento musical do Anathema é totalmente baseado em traduzir através de outros meios de percepção sensorial algo puro e subjetivo como um sentimento. E por mais difícil que isso possa parecer, o resultado obtido aqui é algo respeitável, belíssimo, que simplesmente carrega o ouvinte para dentro da atmosfera e do universo criado pelas músicas, fazendo da experiência de ouvir este álbum algo único, resultado de todos os experimentos que os ingleses vêm fazendo desde o início da carreira e da experiência obtida ao longo destes 22 anos. Merecidamente, não apenas o seu maior e mais completo disco, como um dos grandes álbuns de 2012 e uma das mais belas obras da história do Rock.

Weather Systems Anathema

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Tracklist

01. Untouchable (Part 1)
02. Untouchable (Part 2)
03. The Gathering Of The Clouds
04. Lightning Songs
05. Sunlight
06. The Storm Before The Calm
07. The Beginning And The End
08. The Lost Child
09. Internal Landscape

Lineup

Vincent Cavanagh – Vocal / Guitarra
Daniel Cavanagh – Guitarra / Piano / Teclado / Vocal
Jamie Cavanagh – Baixo
John Douglas – Bateria / Teclado / Guitarra
Lee Douglas – Vocal
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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