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Acyl – “Algebra”


Surgido a partir de uma ideia do vocalista Amine, o Acyl só foi tomar forma como banda mesmo a partir de 2007, quando as primeiras composições foram surgindo e acabaram culminando no lançamento do EP “The Angel’s Sin”, três anos depois, que já apresentava as características que marcam a sua sonoridade: Heavy Metal dinâmico, com fortes influências de Groove e MeloDeath, com elementos étnicos de música Folk oriental, principalmente da Algéria (terra natal de Amine), através do uso de instrumentos típicos da região.

“Algebra” foi lançado na Europa no fim do mês de Janeiro pela gravadora francesa M & O Music, apresentando um som cuidadosamente desenvolvido, complexo e dinâmico, e não a toa sendo considerado um dos grandes álbuns do ano.

Ritmos étnicos do Oriente Médio e cantos ritualísticos já aparecem na abertura do disco com “Ungratefulness”, mesclado ao Metal com interessantes nuances de MeloDeath e Groove (inevitavelmente, lembra um pouco o Gojira e o Orphaned Land). Essa tendência fica ainda mais forte na cadenciada “Head On Crash” (fazendo uma comparação meio absurda, chega perto do que o Rotting Christ fez no incrível “AEALO”), graças aos vocais de apoio, e na incrível “Al Kiama”, dividida em dois capítulos – “Caldeira” e “Cirat” -, sendo a primeira mais melódica e a segunda apostando em mudanças de andamento quase teatrais. E o que falar então do flerte com o Jazz em “Barzakh” e a forma como o seu tempo quebrado encaixou perfeitamente com os instrumentos étnicos? Um dos melhores momentos do álbum, novamente.

A curta instrumental “Back To Death” faz a ligação com mais uma faixa dividida em duas partes: “Babyl – Chapter 1: The False Gods” cresce partindo de arranjos acústicos e vocais limpos até passagens extremamente calcadas no Death e no Groove Metal, mudando completamente mais uma vez com “Babyl – Chapter 2: Weak And Proud”, que foca em soar tipicamente Progressiva e melódica. Mais uma faixa dividida, “Creation” é uma trilogia composta por “Demiurge”, “The Mold” e “Autonomy”, que basicamente compõe uma belíssima balada de mais de dez minutos, passeando por instrumentos acústicos e arranjos simples até o encerramento carregadíssimo de ritmos étnicos que realmente transportam o ouvinte para o ambiente do disco. Não fosse apenas isso, mais uma bonita faixa, “Hijrah”, fecha o álbum e tem o mérito de deixar você com a esquisita (mas não desagradável) sensação de ainda estar imerso na atmosfera que as músicas criam mesmo depois que elas acabam.

Em resumo, “Algebra” é um disco belíssimo e interessante, um dos mais expressivos álbuns de estreia dos últimos anos. O som do Acyl é bem calcado nessa mistura de Metal com ritmos étnicos do Oriente Médio, algo que bandas como o Orphaned Land e o Myrath já fazem há alguns anos. Porém, de forma alguma isso faz com que a sua música seja menos impactante, muito pelo contrário, aliás, pois o universo que eles conseguem transportar o ouvinte é muito diferente. E a riqueza de detalhes presentes nesse universo é tamanha que deve ser absorvida aos poucos, acompanhando calmamente cada passagem, uma experiência digna de um excelente álbum de Progressivo.

Algebra Acyl

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Tracklist

01. Ungratefulness
02. Head On Crash
03. Al Kiama – Chapter 1: Caldeira
04. Al Kiama – Chapter 2: Cirat
05. Barzakh
06. Back To Death
07. Babyl – Chapter 1: The False Gods
08. Babyl – Chapter 2: Weak And Proud
09. Creation – Chapter 1: Demiurge
10. Creation – Chapter 2: The Mold
11. Creation – Chapter 3: Autonomy
12. Hijrah

Lineup

Amine Benotmane – Vocal / Guitarra / Oud / Bendir / Derbouka / Karkabou
Reda Ourdani – Guitarra / Bendir / Karkabou
Abderrahmane Abdallahoum – Guitarra
Salah Boutamine – Baixo
Michael Varas – Bateria
Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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