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31/07/2011 – Evergrey: uma noite cinzenta em Sorocaba


Review: Rodrigo “Rroio” Carvalho
Fotos: Rroio e Ananda Jacques

A extensa turnê brasileira dos suecos do Evergrey, que já havia passado por Porto Alegre e São Paulo, chegou a Sorocaba neste domingo, 31 de julho, uma noite nublada, úmida e abafada, daquelas típicas que a maioria prefere ficar na casa. E, infelizmente, foi o que a maioria resolveu fazer (azar o deles, aliás).

Por causa do clima meio confuso, cheguei no Plaza Hall apenas às 20:00, com medo de ter perdido alguma ou todas as bandas de abertura (Perception, Pervencer e Magna Domini), já que o cartaz informava que o evento começaria às 17:00. Pois bem, entrando no local, já me espantei com algumas coisas: a casa estava basicamente vazia, com no máximo umas 150 pessoas, a maioria sentada enquanto o Perc3ption, de Itapetininga, mandavam o seu som.

Pelo horário, achei estranho a primeira banda estar tocando ainda, mas foi só lucro: o som dos caras é um Prog Power muito bem executado, com várias mudanças de andamento e passagens extremamente elaboradas. Aliás, o entrosamento dos músicos era mais do que evidente, sendo um ótimo opening act para o show. Infelizmente, só consegui ver as três últimas músicas dos caras e no fim nem consegui comprar o EP “Insight”.

A segunda banda da noite foi a sorocabana Pervencer, já na atividade desde 2006, uma das bandas mais brutais e técnicas do interior paulista, fez um show de Death Metal praticamente hipnótico, apresentando as músicas da demo “Labyrinth Of Death” e o mais recente EP “Extermination Is Right”. E a presença de palco dos caras é impressionante, bem agitado, ao contrário de muitas bandas que priorizam demais a técnica e esquecem de se divertir durante o show. Mas o maior destaque, com certeza vai para o baterista Fabio Amaro, o sujeito toca que é um absurdo, e comanda a brutalidade técnica com viradas inesperadas, que dão um diferencial no som dos caras.

01. Destruction Of Your Body
02. Hypocrisy
03. Labyrinth Of Death
04. The Real Nightmare
05. Pervencer

Alguns minutos depois, e, aparentemente bem corrido, o Magna Domini sobe ao palco, e mesmo sem tempo para passar o som nem nada, a regulagem estava muito boa, e o som bem diferente da banda atraiu a atenção de toda a galera que estava ali, já ansiosa (e meio cansada) para ver o show do Evergrey. Com três vocalistas (uma apenas fazendo backings líricos), as nuances são bem diversificadas e vai muito além do som a lá Nightwish que a galera tava esperando, com uma pegada mais de Heavy Tradicional, com ótimos solos e belas melodias vocais.

01. Reign Of Fire
02. The Lost Crystal Skull Part 1
03. The Lost Crystal Skull Part 2
04. Immigrant Song
05. Cry Of The Souls
06. Rage Of The Tyrants

Sobre os opening acts, nem tenho como descrever melhor: as bandas foram muitíssimas bem escolhidas e se mostraram incrivelmente profissionais, com repertórios bem montados e apresentações perfeitamente executadas. Vale citar que a regulagem do som era a melhor que eu já ouvi no Plaza Hall, mesmo sem as bandas nem terem tido tempo de passar o som. Infelizmente, por outro lado, a programação inicial atrasou um pouco, e os set das bandas de abertura aparentemente tiveram de ser diminuídos, e a mais prejudicada pelo jeito foi o Magna Domini, que teve de deixar o palco meio que as pressas após a 6ª música.

Bom, detalhes a parte, vamos ao Evergrey:

Era quase 22:30 quando as luzes se apagaram (aliás, parabéns ao staff da banda, que não demorou nem 15 minutos pra arrumar toda a aparelhagem) e o começo de “Leave It Behind Us” começa a soar nos amps enquanto a banda ia subindo ao palco. Aliás, não é por nada, mas é incrível ver como Tom S Englund é um ícone para os fãs (a reação demonstrou isso perfeitamente), até porque, convenhamos, o sujeito é um put* de um frontman. Logo em seguida, a banda já tocou direto a pesadíssima “Monday Morning Apocalypse” e a clássica “AS I Lie Here Bleeding”, ambas cantadas aos berros por toda a galera. Após um breve discurso no inglês-sueco que ninguém entendeu direito, a banda mandou uma tríade com três das suas melhores músicas do alien-conspiratório álbum “In Search Of Truth”: “The Masterplan”, “Rulers Of The Mind” e “Mark Of The Triangle”. Sem tempo nem para pensar, confesso que nessa hora eu perdi o pouco de voz que me restava, tamanha a catarse que a seqüência proporcionou a todos ali. Outro detalhe importante, é que o som de todos os instrumentos estava bem regulado, e mesmo o volume estar mais alto do que deveria (principalmente com a casa meio vazia – e o animal aqui ter ficado ao lado do amp), cada passagem era perfeitamente audível.

Depois, Englund afirma que vão tocar uma música do novo álbum e “Wrong” começa. Por incrível que pareça, os fãs mais novos que estavam ali sabiam de cor essa música, enquanto ficavam apenas agitando sem cantar durante outros clássicos. E é nesse momento que tenho de dar o braço a torcer e admitir: Hannes Van Dahl é um BATERISTA MALDITO, daqueles que senta a mão na bateria mesmo, sem dó nem piedade, e com muito feeling (cá entre nós, com muito mais presença do que o antigo, Jonas Ekdahl). Com uma brincadeira entre os guitarristas, “Blinded” é tocada, e foi nesse momento que o Plaza Hall veio abaixo. Alguns perdidos na platéia já estavam pedindo essa música antes mesmo de o show começar, e sendo essa a primeira música do Evergrey que ouvi, não teve como não ficar hipnotizado e berrar a letra inteira. Na seqüência, veio a dobradinha do álbum “STD”, com “Solitude Within” e “Nosferatu”, dois mega clássicos que não podiam ficar de fora, e que ao vivo conseguem ter uma carga de interpretação e feeling maior ainda que no cd. E falando em feeling, nesse momento, Tom Englund manda acender as luzes na platéia e diz que agora “todos iriam cantar com ele”, enquanto os primeiros acordes de “I’m Sorry”, e vou dizer que depois disso, nem me importei mais que não ia rolar “For Every Tear That Falls”…

Com mais uma música do álbum novo, “Frozen”, a banda encerra o set regular e sai do palco para tomar aquele ar (e MUITO Jack Daniels, direto da garrafa), enquanto “When The Walls Go Down” rolava em playback, até Rikard Zander e Hannes voltarem ao palco para retomarem o show, tocando sobre a música. Um momento bem bacana e diferente do show, que até poderia ser substituído por outra música, mas tudo bem, até porque em seguido veio “Recreation Day” (precisa falar alguma coisa dessa música?), um ótimo solo de guitarra de Marcus Jidell e a primeira e única música do álbum “Torn”, o single “Broken Wings”, uma das minhas favoritas e que ficou um absurdo ao vivo. O set dos caras encerrou com “A Touch Of Blessing”, música que particularmente não acho o ideal para fechar um show, por ser mais cadenciada e tal. Não que esteja reclamando, afinal de contas, era mais um clássico absoluto.

Enquanto “Fragments” rolava ao fundo (como de praxe em todos os shows deles), a banda agradece ao público e diz que quem quisesse, eles autografariam CDs e tirariam fotos, então, o pouco público já começou a se aglomerar próximo a entrada do camarim. Porém, como já era quase 00:30 e o imbecil aqui tinha que viajar e trabalhar no dia seguinte, tive que ir embora sem falar com os caras. Uma pena, por isso, mas não menos realizado, afinal de contas, o show por si só já valeu muita coisa: o entrosamento da banda recém reformada, um set-list bem variado (ainda que sem nenhuma do “Dark Discovery” e o mesmo dos outros shows no Brasil) e a prova de que a nova formação deu um novo gás a Tom Englund e Rikard Zander (Marcus Jidell e Johan Niemann não estão ali à toa, também), e que o Evergrey tem tudo para continuar a sua ascensão musical.

Novamente, deixo a minha revolta com o público da região. Era domingo? Estava tarde? O ingresso estava mais caro do que o de costume? Sim! Mas é por causa de falta de apoio como esse que dificilmente eventos internacionais voltarão a chegar até o interior (afinal, quem vai querer ter prejuízo?).

Agradecimentos especiais ao Tiago Claro, da Seven Stars e o Bruno Massoli da MS Produções, toda a galera que compareceu ao evento e a Ananda Jacques pelas fotos!

01. Leave It Behind Us
02. Monday Morning Apocalypse
03. As I Lie Here Bleeding
04. The Masterplan
05. Rulers Of the Mind
06. Mark Of The Triangle
07. Wrong
08. Blinded
09. Solitude Within
10. Nosferatu
11. I’m Sorry
12. Frozen
13. When The Walls Go Down
14. Recreation Day
15. Broken Wings
16. A Touch Of Blessing

Rroio

Viking oriental colecionador de discos, músico frustrado e um eterno incansável explorador dos mais obscuros confins do mundo da música.

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